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Vagas para imigrantes

Governos populistas, como o de Donald Trump, perdem chance de inovar no trato com imigrantes

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Detalhes do muro que marca a fronteira entre as cidades de Tijuana, no México, e de San Diego, nos Estados Unidos
Detalhes do muro que marca a fronteira entre as cidades de Tijuana, no México, e de San Diego, nos Estados Unidos - Lalo de Almeida/Folhapress

Entre uma ideia coerente que pode trazer benefícios concretos para o país e uma palavra de ordem vazia, mas que tende a mobilizar as bases eleitorais, o líder populista não hesitará em preferir a segunda. Se ela ainda servir como provocação contra o grupo político adversário, a adesão se torna irresistível.

Donald Trump não resistiu. Diante da dificuldade de fazer com que a Câmara, controlada pela oposição, aprove verbas para a prometida construção do muro na fronteira com o México, ele diz que poderá enviar imigrantes detidos para as chamadas cidades santuários.

Estas são localidades cujos governantes, quase sempre democratas, se opõem às políticas de imigração da Casa Branca e não cooperam com as autoridades federais para identificar e deportar quem esteja em situação irregular.

Existem várias dezenas dessas localidades espalhadas pelos EUA, além da Califórnia —que se converteu no primeiro estado santuário ao aprovar, em 2017, uma lei que proíbe agências de segurança locais de auxiliar o governo central na deportação de imigrantes que tenham cometido delitos menores.

Ao fixar-se em fustigar os democratas, Trump perde a oportunidade de abraçar ideias inovadoras que poderiam fazer com que a imigração tivesse um impacto mais positivo para a economia americana.

Uma delas é a proposta do Grupo de Inovação Econômica (EIG, na sigla em inglês) de conceder vistos para imigrantes qualificados trabalharem em cidades que enfrentam o problema do esvaziamento demográfico.

Na análise do EIG, entre 2010 e 2017, cerca de 85% dos municípios dos EUA cresceram menos do que a média do país —que é alavancada por grandes cidades costeiras, como Nova York, Los Angeles, San Francisco, Seattle e Boston.

Como americanos não pensam duas vezes antes de se mudarem para comunidades mais dinâmicas, que ofereçam bons empregos, vastas áreas do país, especialmente na região central, perderam população no período estudado.

Como se sabe há tempos, a receita para reativar uma economia derrubada por esgotamento demográfico é importar trabalhadores. Vale dizer, imigrantes.

No mais, à diferença do que se observa na Europa, os EUA são um país forjado pela imigração. Ainda que habitantes de áreas mais fortemente atingidas pela crise tenham comprado o discurso xenófobo de Trump, a maioria da população se mantém culturalmente aberta à chegada de estrangeiros.

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