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Luis Antonio Lindau

A regulamentação criada para as patinetes em São Paulo é adequada? SIM

Oportunidade para rever a distribuição do espaço viário

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Luis Antonio Lindau, doutor em transportes pela Universidade de Southampton (Inglaterra) e diretor do Programa de Cidades do WRI Brasil (World Resources Institute
Luis Antonio Lindau, diretor do Programa de Cidades do WRI Brasil (World Resources Institute) - Divulgação
 
Luis Antonio Lindau

O espaço físico das ruas é finito e precisa acomodar distintos usos. Diante dessa premissa básica, devemos refletir sobre onde devem circular as patinetes elétricas e como é importante regrar esse uso.

As patinetes trazem à tona um debate importante sobre espaço viário e limites de velocidade. Nas ruas em que a velocidade máxima permitida é de 30 km/h —uma tendência mundial na questão de segurança para vias urbanas—, as patinetes, que rodam a até 20 km/h, podem compartilhar o leito viário com os demais veículos. Onde a velocidade praticada é maior, a vulnerabilidade de quem anda de patinete impõe uma infraestrutura à parte, e as ciclovias aparecem como boa opção.

A explosão do uso das patinetes expõe a saturação de algumas infraestruturas cicloviárias e a necessidade de ampliação desses espaços, notadamente na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Mais gente está andando de bicicleta nos centros urbanos globais —isso é bom para a saúde e para o planeta—, e essa corrente tende a crescer na medida em que as cidades ofereçam mais espaços seguros.

Por isso, democratizar a cidade de hoje passa também por tornar as ruas seguras, dotando-as de ciclovias, redesenhando interseções, implementando medidas de moderação de tráfego e inserindo elementos de desenho urbano que possam salvar vidas, como chicanas e travessias de pedestres no mesmo nível das calçadas.

São Paulo deu passo importante para melhorar a mobilidade com seu plano de segurança viária, orientado pelo conceito da Visão Zero de mortes no trânsito. O plano começou com a retirada de motociclistas das marginais, mas abriga também ações voltadas para a segurança viária de pedestres e veículos de menor porte, como bicicletas e patinetes.

Assim como já ocorre em outras cidades, locadoras de patinetes e bicicletas podem contribuir no compartilhamento de dados, para apoiar a tomada de decisões, e na implantação de uma infraestrutura mais segura.

Gradativamente, a patinete vai angariando novos usuários. Em São Paulo, os motivos trabalho e estudo já superam o uso para lazer. Além de deslocamentos curtos, oferece alternativas de conexão para trechos iniciais ou finais de deslocamentos por transporte coletivo. Mas entra na briga por espaço e por medidas de segurança, como todos os outros modos de transporte. A bicicleta, que há muito tempo reivindica a atenção devida, ganha agora uma aliada.

É importante regrar o uso de patinetes, mesmo porque a circulação por qualquer modo de transporte só será segura com boa engenharia, comunicação e fiscalização. E as três requerem um regramento mínimo. Afinal, como desenhar e implementar uma infraestrutura sem parâmetros de projeto, como disparar uma campanha educativa sem diretrizes e metas, como exercer uma fiscalização sem critérios? 

Naturalmente, um bom regramento do uso do espaço público precisa incorporar as melhores práticas e tendências sem ferir legislações vigentes. Afinal, o espaço físico é limitado, mas é de todos. É tempo de democratizá-lo!

Luis Antonio Lindau

Doutor em transportes pela Universidade de Southampton (Inglaterra) e diretor do Programa de Cidades do WRI (World Resources Institute) Brasil

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