Cerca de 1 milhão de espécies animais e vegetais se encontram hoje sob risco de extinção —e os principais responsáveis por essa catástrofe somos nós. Eis as sombrias conclusões de estudo das Nações Unidas, o mais abrangente já feito sobre as ameaças à biodiversidade decorrentes da ação humana.
Esse cenário alarmante veio se configurando nas últimas décadas sobretudo em razão de atividades como queima de florestas para a abertura de áreas para a agricultura, expansão de estradas e cidades, exploração madeireira, caça e pesca, poluição da água e do solo e transporte de espécies invasivas entre diferentes partes do planeta.
Acrescenta-se a isso a ameaça emergente do aquecimento global. Hoje, segundo o relatório da ONU, a mudança climática constitui o grande propulsor do declínio na vida natural, ao provocar alterações em ambientes nos quais muitos mamíferos, aves, insetos, peixes e plantas evoluíram.
Mais de 500 mil espécies já não possuem habitat natural suficiente para garantir sua sobrevivência no longo prazo, acredita-se.
As consequências do empobrecimento da biodiversidade e da degradação dos solos têm impacto direto sobre os seres humanos.
A deterioração já prejudica a produtividade agrícola em 23% da área terrestre do planeta, aponta o documento. O declínio das abelhas selvagens e outros insetos que auxiliam na polinização de frutas e legumes coloca safras em xeque.
A perda de manguezais e de recifes de coral ao longo das costas pode expor até 300 milhões de pessoas a risco adicional de inundação.
Lidar com esse quadro exige dos governos de todo o mundo um esforço para aliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Isso se aplica especialmente ao Brasil, que congrega a um só tempo uma produção agrícola pujante, a maior biodiversidade do planeta e sua mais extensa floresta tropical.
As matas asseguram a reposição de recursos naturais, como água para irrigação, energia hidrelétrica e abastecimento humano. A cobertura vegetal amazônica tem impacto direto sobre o clima de regiões próximas, como o Centro-Oeste, base do agronegócio nacional.
As mentes mais arejadas do ambientalismo e da produção já atentaram para os interesses em comum. Que suas vozes sejam ouvidas.
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