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Muitas plateias

Bolsonaro busca conexão com seguidores fiéis para conter erosão de prestígio

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O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio Itamaraty, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio Itamaraty, em Brasília - Adriano Machado/Reuters

Com a popularidade abalada e dificuldades para fazer sua agenda avançar no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem se esforçado para se comunicar diretamente com a população e recuperar a conexão com o eleitorado.

Em entrevistas a emissoras de televisão e declarações nas redes sociais, ele fez nos últimos dias vários acenos a grupos que deram impulso a seu triunfo eleitoral em outubro e agora expressam decepção com os rumos do governo.

Dirigindo-se aos evangélicos, por exemplo, Bolsonaro descartou a possibilidade de impor custos às igrejas com a reforma do sistema tributário atualmente em gestação no Ministério da Economia.

A ideia de um imposto que alcance até o dízimo pago pelos fiéis nos templos, ventilada pelo secretário da Receita, Marcos Cintra, em entrevista a esta Folha, foi tão mal recebida que o presidente se viu obrigado a desautorizar o assessor. 

Questionado sobre a crise na Venezuela, Bolsonaro aproveitou a chance para atacar a esquerda e dar palpites sobre a Argentina, classificando como retrocesso a possibilidade de Cristina Kirchner voltar ao poder nas eleições de outubro.

O presidente deu preferência a programas de apelo popular, e chegou a levantar a camisa durante uma das entrevistas, para mostrar as cicatrizes deixadas pelas cirurgias sofridas após a facada que levou durante a campanha eleitoral.

Parte do problema de Bolsonaro é a lenta retomada da atividade econômica, frustrante para os que apostaram na sua eleição como caminho para sair da estagnação.

No Dia do Trabalho, em rede nacional de rádio e televisão, o presidente prometeu facilidades para empreendedores e medidas para gerar empregos, temas que voltaria a explorar nos dias seguintes.

Sem resultados concretos para exibir após quatro meses no cargo, Bolsonaro se esforça para reanimar expectativas e deter o encolhimento dos índices de aprovação do seu governo nas pesquisas.

Ele sabe que precisa disso para convencer o Congresso a aprovar uma reforma da Previdência ambiciosa, essencial para restaurar o equilíbrio das finanças públicas e criar as condições para que a economia volte a crescer com vigor.

Em algumas de suas manifestações nos últimos dias, o presidente mencionou a reforma das aposentadorias e foi claro ao apontá-la como sua tarefa mais urgente. 

Mas ele mesmo é o primeiro a admitir que só se convenceu disso recentemente, e ainda lhe parece faltar a convicção necessária para persuadir os parlamentares a apoiar sua proposta sem medo dos riscos políticos que a acompanham.

Dificilmente o presidente alcançará esse objetivo se não estabelecer canais de diálogo com setores mais amplos da sociedade do que aqueles que o seguiram até aqui.

editoriais@grupofolha.com.br

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