Graças a ação coordenada com a União, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que um monotrilho fará a interligação entre uma estação de trem e os terminais de embarque do aeroporto internacional de Guarulhos.
A medida tenta remediar uma excrescência. Ponto final de uma linha férrea que se conecta ao centro de São Paulo, a estação —inaugurada em 2018 pelo então governador tucano Geraldo Alckmin, após 13 anos de atraso— contraria o projeto original e está situada a até 3 km do checkin.
A conexão direta com o transporte sobre trilhos é comum nos principais aeroportos do mundo. Mas não no maior e mais movimentado do Brasil: em Cumbica, cabe aos passageiros a tarefa de descer do trem, com as bagagens, atravessar uma passarela e pegar um ônibus para, enfim, chegar aos terminais.
A exótica empreitada desestimula o acesso à linha, hoje subutilizada após investimento do governo paulista de cerca de R$ 1,8 bilhão.
Classificada como “bizarra” por Doria, a falta de uma estação no local adequado resulta de uma intervenção da concessionária GRU Airport, que pretendia construir ali um shopping ou hotel.
A crise econômica fez com que o empreendimento não saísse do papel, bem como a intenção de criar novas estações até o embarque. A improvisada baldeação por ônibus foi o que restou.
Ainda que um remendo, a alternativa parece estar próxima. A obra do monotrilho será tocada pela GRU Airport, ao custo de R$ 175 milhões e previsão de entrega em 2021. Em troca, a concessionária terá abatimento no valor que repassa ao governo federal.
O arranjo, naturalmente, provocará perda de arrecadação. Para o ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), o governo federal poderá abrir mão desses recursos em razão do investimento.
O prejuízo financeiro e estrutural do imbróglio é mais um capítulo nos costumeiros atrasos, por parte dos governos do PSDB, na entrega de estações de trem e metrô. Aos passageiros do novo monotrilho, resta o consolo de que este não será tarifado —ainda que o inconveniente da passarela permaneça.
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