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Convenção tucana explicita disputa entre Geraldo Alckmin e João Doria

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No centro, o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, fala ao microfone em convenção estadual do partido, em São Paulo; próximos a ele estão o senador José Serra e o governador João Doria
No centro, o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, fala ao microfone em convenção estadual do partido, em São Paulo; próximos a ele estão o senador José Serra e o governador João Doria - Carolina Linhares/Folhapress

A convenção estadual do PSDB, que elegeu Marco Vinholi, 34, o novo presidente do partido em São Paulo, explicitou as divisões que vêm se acentuando entre os tucanos desde que João Doria projetou-se como liderança emergente ao assumir a prefeitura da capital, em janeiro de 2017.

Beneficiado pelo apoio do então governador Geraldo Alckmin, o novato não tardou a entrar em competição com seu padrinho. Seu objetivo, desde o primeiro momento, era nada menos do que a conquista da candidatura presidencial da legenda em 2018.

Com apoio de uma estratégia de marketing que visava transformá-lo em figura nacional, o novo alcaide posou de gari, pintou muros da cidade e anunciou um ambicioso programa de privatizações e parcerias com a iniciativa privada. 

Suas inclinações pró-mercado o ajudaram a ser apontado como personalidade do ano pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, que promoveu encontros com empresários e uma homenagem de gala em Nova York —mesma honraria dispensada ao presidente Jair Bolsonaro, mas provisoriamente suspensa devido a pressões de opositores.

Afoito e determinado a tomar um atalho para a disputa pelo Planalto, atritou-se com Alckmin, que acabou, a duras penas, levando a melhor na disputa pelas simpatias da máquina partidária.

Entretanto o retumbante fiasco do ex-governador na disputa presidencial e a vitória de Doria na corrida pelo Bandeirantes mudaram o equilíbrio de forças. 

Hoje, o PSDB perdeu muito de sua projeção e está dividido tanto do ponto vista ideológico quanto geracional. A velha guarda, representada por nomes como o senador José Serra, parece acreditar numa improvável regeneração do partido a partir do reencontro com suas teses e práticas originais. Alckmin assumiu tal pregação.

A ideia seria retomar a linha social-democrata, pragmática no terreno econômico, mas compromissada com políticas de proteção aos mais pobres na área social.

Doria bateu na tecla da renovação —algo cujo significado concreto permanece um tanto obscuro.

Na campanha, o tucano aproximou-se do bolsonarismo com o discurso antipetista e o apoio a teses conservadoras, em especial na segurança pública. No governo do estado, porém, não dá mostras de seguir o populismo do presidente. Seu secretariado junta técnicos de peso e quadros partidários.

Os sinais, não há dúvida, são de que o atual governador se encontra bem posicionado para assumir a liderança do espólio tucano. A eleição de Vinholi é apenas um dos indicadores desse panorama.

Para maiores voos, resta a ele mostrar capacidade para a condução de políticas de governo e a negociação legislativa, predicados até aqui em segundo plano na sua meteórica ascensão na vida pública.

editoriais@grupofolha.com.br

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