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Luzes de Merkel

Chanceler arrostou teses que buscam na intolerância, no obscurantismo e no nacionalismo cego a resposta para problemas reais e imaginários

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A chanceler Angela Merkel, durante discurso em Harvard, nos Estados Unidos - Brian Snyder - 30.mai.2019/Reuters
 

Em importante discurso na quinta-feira (30), a chanceler Angela Merkel arrostou teses que buscam na intolerância, no obscurantismo e no nacionalismo cego a resposta para problemas reais e imaginários. 

Falando a formandos da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Merkel conclamou os estudantes a “derrubar os muros da ignorância e da intransigência” e condenou a adoção de políticas de cunho isolacionista e protecionista.

As declarações não poderiam deixar de ser interpretadas como críticas ao presidente americano Donald Trump —que Merkel teve o cuidado de não citar— e sua doutrina “America First” (América em primeiro lugar).

Elas também se aplicam, no entanto, a líderes e forças que se pautam por cartilhas semelhantes, como o brasileiro Jair Bolsonaro (PSL) e a pregação de sua diplomacia contra um tal globalismo.

“Mais do que nunca, nosso modo de pensar e nossas ações devem ser multilaterais, e não unilaterais; globais e não nacionais; voltadas para o exterior, em vez de calcadas no isolacionismo”, disse a alemã.

À diferença da relação de proximidade que Merkel cultivou com Barack Obama, o antecessor de Trump, as tratativas com o atual ocupante da Casa Branca têm sido tensas e conflituosas.

Desde que assumiu o cargo, em 2017, o republicano anunciou a retirada dos Estados Unidos do acordo de Paris a respeito do clima e criticou inúmeras vezes a União Europeia —dois temas caros à chanceler.

Denunciou, ademais, o que ele chama de comércio bilateral injusto com a potência europeia.

Em outra menção à queda de barreiras, Merkel, que cresceu na Alemanha Oriental controlada pela União Soviética, recordou que foi a derrubada do Muro de Berlim há quase três décadas que lhe permitiu iniciar a carreira política.

Embora mantenha-se no comando do país há 13 anos, Merkel viu recentemente a ascensão de uma força de direita populista na Alemanha e a perda de votos do seu partido para siglas das franjas mais radicais na última eleição europeia.

Referindo-se aos tempos atuais, mas certamente mirando também as tragédias do passado, Merkel advertiu para a vulnerabilidade das conquistas da civilização. “Nossas liberdades individuais não são dadas. A democracia não é algo que podemos considerar garantida. Nem a paz ou a prosperidade”.

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