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Menos 300 milhões

Revisões de estimativas sobre crescimento populacional se mostram imperativas

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Passageiros em trem em Calcutá, na Índia; país deve ultrapassar a China e se tornar o mais populoso do mundo, segundo projeção da ONU
Passageiros em trem em Calcutá, na Índia; país deve ultrapassar a China e se tornar o mais populoso do mundo, segundo projeção da ONU - Rupak De Chowdhuri - 31.jul.15/Reuters

A Organização das Nações Unidas apresentou sua 26ª revisão da estimativa sobre crescimento populacional no mundo. Pela nova projeção do departamento demográfico da ONU, o planeta comportará 9,7 bilhões de pessoas em 2050 e 10,9 bilhões no final deste século.

Hoje somos 7,7 bilhões de humanos na Terra. Pensar que em três décadas mais 2 bilhões caminharão sobre ela pode suscitar inquietação, porém não é inescapável sucumbir ao alarmismo malthusiano —ao menos não em sua versão tradicional, que predizia a impossibilidade de aumentar a produção de alimentos no mesmo ritmo.

As revisões da ONU acontecem a cada dois anos. Elas se mostram imperativas porque é inerentemente propensa a imprecisões a tarefa de prever a evolução de variáveis complexas como taxas de fecundidade e de mortalidade.

Basta mencionar que, desde a última estimativa, as Nações Unidas reduziram em 300 milhões o cálculo da população mundial em 2100. Um desvio de meros 2,5%, mas cujos números absolutos equivaleriam a fazer desaparecer um país quase do tamanho dos EUA.

Não seria o caso, decerto, de desmerecer o trabalho de demógrafos. Eles fazem projeções com base em trajetórias passadas em meio ao nevoeiro de fenômenos pouco previsíveis como urbanização, evolução da renda familiar, avanços da medicina e do saneamento, entre outros fatores que influenciam a dinâmica populacional.

De maneira geral, pode-se dizer que as projeções de crescimento vêm sendo sistematicamente reduzidas, em especial no que se refere às de países menos desenvolvidos. Uma das razões foi a incapacidade de prever a rápida redução das taxas de fecundidade.

No Brasil, por exemplo, ela caiu de modo acelerado, chegando a 1,77 filho por mulher entre 2010 e 2015. Era na ocasião a mais baixa da América Latina, mas desde então foi desbancada pela do Chile, hoje em 1,65, ante 1,74 por aqui.

Para mitigar o pânico malthusiano concorrem ainda as falhas de alarmistas da “bomba populacional” em prever os saltos da produção propiciados pela tecnologia.

Não se deve esquecer, contudo, que a capacidade de suporte do planeta não se resume à disponibilidade de terras agricultáveis.

Hoje o foco de preocupação se deslocou para a crise do clima, a respeito da qual o engenho humano poderia fazer muita coisa, se não tardasse tanto em mobilizar-se.

editoriais@grupofolha.com.br

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