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O novo tucano-mor

Convenção do PSDB consolida ascensão de Doria, que articula visando à Presidência

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O governador de São Paulo, João Doria, durante convenção da executiva do PSDB, em Brasília
O governador de São Paulo, João Doria, durante convenção da executiva do PSDB, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Em convenção nacional realizada nesta sexta (31), o PSDB elegeu novo presidente e formalizou as mudanças por que vem passando desde as eleições do ano passado.

A derrota acaçapante da candidatura presidencial do ex-governador Geraldo Alckmin e o triunfo do ex-prefeito da capital João Doria na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes selaram uma nova fase na vida do partido —que foi punido pelo eleitorado e saiu das urnas menor do que entrou.

Colhida pela onda bolsonarista, a sigla, que se apresentava como opção mais ao centro do espectro político, perdeu força e viu crescer o apelo de posições mais à direita, em particular no pleito paulista.

Ao perceber para onde os ventos sopravam, Doria, que já prometia linha-dura na segurança e mostrava-se fervoroso crítico do PT, não hesitou em dar novos passos para associar sua imagem à do então presidenciável Jair Bolsonaro.

Chegou, nesses esforços, a ver-se repelido numa incursão ao Rio de Janeiro com objetivo de encontrar-se com o candidato do PSL.

Ao final da disputa, a guinada à direita foi recompensada e o novo governador tornou-se a figura de proa de seu partido. De olho na próxima etapa, a corrida presidencial de 2022, Doria sabe que desta vez Bolsonaro estará do outro lado.

Tratou, portanto, nos últimos meses, de ajustar rumos e lançar as bases para uma possível aliança eleitoral de centro-direita.

Convidou integrantes do governo de Michel Temer (MDB) para suas secretarias, passou a marcar posições em contraste com algumas medidas anunciadas por Bolsonaro e tem mantido boa relação com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Dessa maneira, Doria vai articulando em torno de si representantes de partidos tradicionais que já foram aliados do PSDB em outras ocasiões. Não por acaso, nomes de peso do MDB e do DEM, como o ex-senador Romero Jucá (RR) e o próprio Maia, estiveram presentes à convenção tucana. 

Como esperado, comemorou-se no evento a vitória de um aliado do governador para a presidência nacional da sigla —o ex-deputado federal e ex-ministro das Cidades (2016) Bruno Araújo (PE), 47.

Apesar das previsíveis divergências e tensões entre os recém-chegados e a velha guarda da legenda, o tom das manifestações de Doria e Araújo foi conciliador. Ambos rejeitaram inclinações para a direita mais radical e reafirmaram que o partido vai seguir linha político-ideológica de centro.

A ver se nos próximos anos o governador conseguirá apresentar resultados administrativos palpáveis —e se concretizará as declaradas intenções agregadoras.

Aparentemente obcecado pela conquista da Presidência, Doria já deu mostras de oportunismo político, talento para a autopromoção e descompromisso com promessas de campanha —como a de concluir o mandato na prefeitura.

editoriais@grupofolha.com.br

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