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A Fórmula 1 deveria trocar São Paulo pelo Rio de Janeiro? Não

F-1 em SP: razão e emoção

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Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo
Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo - Reinaldo Canato - 16.abr.19/Folhapress

Desde 1990, há exatos 29 anos, São Paulo e a Fórmula 1 se uniram para construir uma das histórias de maior sucesso do circuito mundial do automobilismo. Uma parceria de resultados concretos, aprovada por pilotos e pela torcida, e que já venceu toda sorte de dificuldades: econômicas, políticas, técnicas, mecânicas e até mesmo meteorológicas.

Para a Fórmula 1, o autódromo de Interlagos, sede da única etapa realizada na América do Sul, é sinônimo de arrojo e de proeza. Foi no Grande Prêmio do Brasil que a categoria obteve, por exemplo, uma das maiores audiências de todos os tempos. Em 2007, a etapa de São Paulo foi o segundo evento esportivo mais visto no mundo, à frente da final da Liga dos Campeões e atrás apenas do Super Bowl.

Durante cinco anos consecutivos, de 2005 a 2009, o campeonato mundial foi decidido em Interlagos, ampliando a mística da pista, a adrenalina das equipes e o suspense na torcida. Em 2012, São Paulo novamente decidiu o campeonato. Todos os campeões mundiais dos últimos 29 anos venceram em Interlagos pelo menos uma vez, à exceção de Fernando Alonso.

São Paulo é a cidade da América do Sul mais bem preparada para receber os profissionais do automobilismo. Está próxima de dois aeroportos internacionais, possui o aeroporto doméstico de maior movimento do Brasil e está ligada ao resto do país pelas melhores rodovias. A Estação Autódromo facilita o acesso de milhares de fãs da Fórmula 1 por meio de uma linha de trem urbano conectado à malha de metrô da cidade.

A rede hoteleira de São Paulo é a maior do Brasil, com 27 hotéis cinco estrelas, a grande maioria a menos de 20 quilômetros do autódromo. No ano passado, a ocupação total dos hotéis atingiu 93% nos três dias de Fórmula 1 e não são raros os anos em que esse índice foi de 100%. Restaurantes para todos os gostos e bolsos, além de outras atrações esportivas e culturais, completam os serviços disponíveis aos turistas na semana da velocidade no Brasil.

Assistir à Fórmula 1 em São Paulo é um evento anual para milhares de brasileiros e estrangeiros. Em 2018, por exemplo, 77,5% do público presente no autódromo de Interlagos eram turistas. Os visitantes estrangeiros representaram 18,6%, um aumento de quase 80% em relação ao ano anterior.

Segundo dados da prefeitura, o impacto econômico da prova foi 19% maior no ano passado do que em 2017, totalizando R$ 334 milhões em gastos turísticos. Nos últimos 13 anos, a prova foi eleita por duas vezes como a melhor de toda a temporada pela organização da categoria. Portanto, mais do que um caso de sucesso, a Fórmula 1 em São Paulo é uma questão de eficiência e de racionalidade econômica. Jamais pode ser movida por interesses políticos.

Sua última reforma foi feita recentemente, entre 2014 e 2016. A renovação do contrato, entre a cidade e a empresa responsável pela prova, tem o apoio de todos os 24 partidos com assento na Assembleia de São Paulo. A prefeitura não paga para ter a Fórmula 1 na cidade —seus gastos são as despesas de manutenção do local. 

A Câmara Municipal deu recentemente um passo importante para a melhoria de Interlagos ao aprovar o projeto do hoje governador João Doria, que autoriza a concessão do autódromo. 

Sou favorável à medida. Ela pode ser um motivo a mais, de eficiência e racionalidade econômica, para que São Paulo inicie outros 30 anos dessa imbatível, sólida e transparente união entre a Fórmula 1 e a cidade.

Henrique Meirelles

É secretário de Fazenda e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo; foi ministro da Fazenda (2016-2018) e presidente do Banco Central do Brasil (2003-2011)

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