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José Antonio Soares Pereira Júnior

A Fórmula 1 deveria trocar São Paulo pelo Rio de Janeiro? Sim

A F-1 corre para o Rio

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José Antonio Soares Pereira Júnior, presidente da Rio Motorsports
José Antonio Soares Pereira Júnior, presidente da Rio Motorsports - Divulgação
 
José Antonio Soares Pereira Júnior

“Problemas de organização tomam conta do GP Brasil de Fórmula 1. Os donos do evento estão decididos a deixar o país, e o cancelamento é iminente. Uma força-tarefa multidisciplinar, formada inclusive por políticos eleitos pelo povo, se reúne, consegue reverter a situação e a corrida continuará no Brasil.”

O caro leitor pensou que o relato acima refere-se ao cenário atual? Poderia até ser, pois encaixa perfeitamente, mas ela retrata o que aconteceu no decorrer de 1989. 

A diferença para hoje é que, há 30 anos, os papéis estavam invertidos, e o maior evento de automobilismo do mundo, de forma incontestável e inexorável, deixava o Rio de Janeiro e voltava para São Paulo. Uma reforma profunda colocou a pista paulista no nível exigido pela categoria à época, diferentemente da desatualizada Jacarepaguá. 

Passadas três décadas, a história se repete. A F-1 se modernizou e requer novos modelos de estrutura e promoção. Para esse patamar de requisitos, tanto Interlagos quanto o modelo econômico com o atual promotor são obsoletos. Assim como em 1989, a mudança é mais do que pertinente: é necessária, sob pena de deixarmos de abrigar um evento desse porte no Brasil.

A Fórmula 1 vai para o Rio de Janeiro não só pelo acordo absolutamente desvantajoso que possui atualmente para correr em Interlagos. Existe um impasse muito mais complexo do que construir um autódromo em Deodoro.

Como São Paulo pretende quitar as dezenas de milhões de dólares devidos pela atual organização do GP Brasil? Com dinheiro do Estado, ou seja, do povo? Ou João Doria vai fazer a iniciativa privada pagar pela conta de um terceiro? E quem bancará o “promoter’s fee” (taxa anual obrigatória para receber o evento)? O governador fará um “pool” de empresas para pagar as despesas do sr. Tamas Rohonyi, que fica com o lucro (que ele diz não haver) da operação?

Mas as razões não param por aí. O potencial turístico da cidade maravilhosa é indiscutivelmente maior, as linhas de receita que a Liberty Media (dona da F-1) terá não podem ser oferecidas pela Interpub, e a pista carioca comportará o dobro de capacidade de público em geral (possibilitando oferecer faixas de preços mais acessíveis) e 15 mil VIPs, sete vezes mais do que em Interlagos (valor extremamente significativo na arrecadação).

O GP Brasil trocará de sede porque a estrutura será inteiramente nova e condizente com os mais elevados padrões mundiais de qualidade (e não oferecendo problemas básicos a equipes e jornalistas de todo o planeta), porque haverá boxes em maior número, dimensões e conforto para os times, porque o autódromo será 100% privado (não dependendo de burocracias públicas e boa vontade de governantes, que hoje podem ser a favor, mas nada garante que isso se mantenha nas próximas gestões), porque o atual organizador não é amigo/funcionário de Bernie Ecclestone como outrora (e quem frequenta os circuito pelo mundo sabe o que isso significa), enfim, o rol de argumentos é interminável.

Basta traduzir os parágrafos acima em planilhas e números para se entender o porquê de a F-1 estar deixando São Paulo. Diante de uma lista colossal de vantagens, desmerecer a capital fluminense ou a região de Deodoro, além de falta de respeito com seus habitantes, soa nada mais do que parvoíce. Mas em uma afirmação Doria acerta em cheio: a decisão é, de fato, econômica. E é por isso que o GP Brasil de 2021 será no Rio de Janeiro. É inexorável. Assim como o rio corre para o mar, a F-1 corre para o Rio.

José Antonio Soares Pereira Júnior

Presidente da Rio Motorsports

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