Descrição de chapéu
Eduardo Rios-Neto

É adequado o formato reduzido do questionário do Censo 2020? SIM

Novo modelo de pesquisa é mais eficiente e garante qualidade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Eduardo Rios-Neto Diretor de Pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), doutor em demografia pela Universidade da Califórnia/Berkeley e membro titular da Academia Brasileira de Ciências
O diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto - Acervo Agência IBGE Notícias
Eduardo Rios-Neto

O ajuste dos questionários do Censo Demográfico 2020 tem como objetivo central garantir que a operação censitária cumpra plenamente sua função essencial, ou seja, enumerar a população brasileira e levantar informações sobre sua divisão por sexo, idade e raça/cor. 

A correta mensuração dessas variáveis depende decisivamente do nível de cobertura atingido pela pesquisa, o que significa chegar a todos os domicílios do país. 

A experiência internacional mostra que todos os países têm enfrentado desafios quanto à cobertura dos censos, derivados principalmente das recusas aos entrevistadores e do difícil acesso aos domicílios.

Diante deste cenário, os institutos de pesquisa ao redor do mundo têm investido em formas alternativas de coleta de dados, como através do uso intensivo dos registros administrativos oriundos de bases de informações já produzidas por órgãos públicos, do fortalecimento de pesquisas amostrais —que oferecem resultados mais detalhados e periódicos— e da apropriação das potencialidades do chamado “big data”.

Esta nova realidade é o motor de uma agenda de modernização das estatísticas e traz consigo o imperativo de se repensar as formas de coletar, processar e divulgar informações. Tudo isso repercute sobre a configuração dos censos demográficos e, principalmente, sobre seus dimensionamentos.

Relatórios técnicos do próprio IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) já vinham apontando, desde 2010, a necessidade de simplificação dos questionários da pesquisa, posição esta reforçada pela Comissão Consultiva do Censo Demográfico e pelos demais fóruns nos quais essa pauta foi objeto de debate durante o planejamento da operação. Os ajustes decorrem de todo esse processo, em que técnicos do IBGE trabalharam na perspectiva de definir o formato mais eficiente e eficaz de questionário.

Nesta linha, resta claro que os ajustes no número de quesitos do Censo estão pautados pela garantia do atributo mais importante de toda e qualquer informação: a qualidade. O questionário básico do próximo Censo passará a ter 26 quesitos (eram 34 no Censo 2010), o que permitirá uma redução significativa no tempo de entrevista, de cerca 7,9 minutos para 3,7 minutos em um domicílio com três pessoas. Este desenho viabiliza o foco na cobertura e no aumento da adoção da coleta pela internet, otimizando a operação como um todo.

Os questionários do Censo Demográfico 2020 incluem todas as variáveis consideradas tópicos nucleares pelos “Princípios e Recomendações para Censos de População e Domicílios” da ONU. Assim sendo, o Censo brasileiro continuará a produzir informações para municiar estudos sobre temáticas investigadas em operações censitárias anteriores, como pobreza, educação, trabalho e rendimento, desemprego, deficiência e migração. Não haverá quebra de séries históricas.

Da mesma forma, a pesquisa continuará sendo a referência central para o levantamento de dados em nível municipal, indispensáveis para prefeitos e gestores na formulação das políticas públicas locais e para políticas estruturantes do país, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O Censo 2020 adequa-se aos desafios contemporâneos de qualidade e cobertura e é também estratégico para que o IBGE, com a excelência de seu corpo técnico, assuma liderança no sistema nacional de estatística, integrando o Censo com os registros administrativos e as pesquisas domiciliares, em prol de informações de qualidade para a implementação de políticas públicas no Brasil.

Eduardo Rios-Neto

Diretor de Pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), doutor em demografia pela Universidade da Califórnia/Berkeley e membro titular da Academia Brasileira de Ciências

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.