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Felipe Rigoni e Renan Ferreirinha

Harmonia política

Determinação partidária não moldará o Movimento Acredito

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O deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), do Movimento Acredito - 12.jul.19/Divulgação

O equilíbrio é um dos grandes desafios da boa política. Em tempos de polarização ideológica acentuada, o maniqueísmo torna-se tentador. Esquerda e direita, traidores e heróis, lobos e cordeiros. Não há caminho para o diálogo quando a desvalorização do outro se torna o único argumento disponível à mesa. É preciso encontrar o que há de comum nos propósitos de cada lado.

O Movimento Acredito nasceu do sonho de brasileiros que desejavam realizar políticas públicas baseadas em evidências científicas, com participação popular, sempre em respeito aos contextos locais. Surgiu, portanto, como ferramenta democrática disposta a encarar a realidade como ela é: não há respostas simples para problemas complexos.

Foi pensando assim que o movimento debateu, desde sua criação, a reforma da Previdência. O déficit crescente e a dinâmica demográfica estabeleceram consenso sobre a necessidade de algum tipo de ajuste no modelo atual até mesmo entre economistas ligados aos partidos de oposição ao governo. Nossa divergência surge a partir deste ponto.

Entre a oposição histriônica por um texto utopicamente perfeito e a articulação por uma proposta possível, escolhemos a segunda opção.

Foi consultando especialistas, analisando números e propondo nove emendas que atuamos por uma reforma justa e equilibrada. Quatro delas foram acatadas, como as que amenizam o impacto sobre o BPC (Benefício de Prestação Continuada), a aposentadoria rural, a dos professores e o tempo mínimo de contribuição. Foi por meio da boa política que aperfeiçoamos o texto.

A disposição para o diálogo, surpreendentemente, gerou críticas. Parte das lideranças, especialmente nas estruturas partidárias, age como se a defesa de responsabilidade fiscal contrariasse o conceito de justiça social. Como se o reconhecimento dos avanços da proposta fosse um selo de aprovação às falhas cometidas pelo governo federal até aqui.

Nossa discussão nunca teve foco na autoria do texto, mas nos resultados pretendidos. A reforma atende a um dos pilares centrais do Acredito: a defesa de um Estado eficiente e fiscalmente responsável. Nosso DNA progressista está ligado à defesa dos direitos humanos, da diversidade, da tolerância, da sustentabilidade e da redução das desigualdades. Nossas convicções não serão alteradas por determinação partidária ou por um voto alinhado ao governo.

Tal postura não deveria causar surpresa. Antes de nos filiarmos, assinamos uma carta-compromisso com o PSB e outros partidos. Ela assegura o respeito ao funcionamento, à identidade e aos valores do Acredito. Entramos no partido para somar e nos comprometemos a participar da reinvenção de um modelo partidário mais próximo das pessoas, com práticas cada vez mais transparentes.

Reconhecemos que uma democracia forte necessita de bons partidos políticos, mas há espaço para uma convivência harmônica e autônoma com os novos movimentos cívicos. O Brasil só será justo e desenvolvido quando houver o envolvimento de todos na busca por dignidade e igualdade de oportunidades. Foi pensando nisso que o Movimento Acredito foi criado. É nisto que seguiremos acreditando.

Felipe Rigoni

Deputado federal (PSB-ES), mestre em políticas públicas pela Universidade Oxford (Inglaterra) e cofundador do Movimento Acredito

Renan Ferreirinha

Secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro

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