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Progresso africano

O PIB da África subsaariana deve crescer relevantes 3,3% em 2019

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O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa - Mike Hutchings/Reuters
 

O chamado Renascimento Africano figura com alguma frequência em discursos de políticos e teses de analistas, mas raramente se traduz em mais do que um exercício de relações públicas.

O cenário-padrão no continente continua a ser o de regimes fechados e democracias incompletas. Na economia, intervenção estatal, protecionismo e monopólios favorecem o compadrio e restringem a livre iniciativa.

Há que celebrar algum progresso, contudo. Sinais em diversos países importantes permitem algum otimismo, com populistas e líderes fossilizados por décadas no poder destronados nos últimos anos.

O caso mais chamativo é o da África do Sul, que trocou o desastroso presidente Jacob Zuma pelo reformista Cyril Ramaphosa. O governo tem feito do combate à corrupção uma prioridade e deu início a uma agenda que inclui a redução da inchada máquina pública.

Para 2019 prevê-se crescimento de 1,5%, que, longe de ser exuberante, representa melhora ante a estagnação dos últimos anos.

Em Angola, onde se localiza uma das maiores reservas petrolíferas africanas, o longo reinado do presidente José Eduardo dos Santos, que estava no poder desde 1979, chegou ao fim há dois anos.

O atual ocupante do cargo, João Lourenço, tão logo assumiu defendeu investigações contra o antecessor e sua família, incluindo a filha, Isabel dos Santos, uma das mulheres mais ricas da África e com interesses em diversos segmentos econômicos. Após três anos de recessão, o Produto Interno Bruto deve ao menos deixar de cair neste 2019.

O Zimbábue é outro exemplo de renovação, ainda que restrita. Eleito presidente há um ano, Emmerson Mnangagwa deu fim à brutal ditadura de Robert Mugabe, que vigorava desde a fundação do país, em 1980. Ativistas de direitos humanos relatam melhora no ambiente, e a imprensa sente-se mais livre para fiscalizar o governo.

A situação econômica e de infraestrutura, contudo, ainda é ruinosa, com apagões de até 18 horas e inflação oficial de quase 100% ao ano. O próprio Mnangagawa está longe de ser uma ruptura com o antecessor, tendo ocupado diversos postos relevantes na máquina do Estado nas últimas décadas.

De todo modo, o PIB da África subsaariana deve crescer relevantes 3,3% em 2019, maior patamar em cinco anos. Espera-se que a relativa retomada propicie um ambiente de reformas e não se converta, como já ocorreu diversas vezes, em novas oportunidades para a pilhagem do Estado por grupos políticos apegados ao poder.

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