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Apatia paulistana

Esvaziamento de lideranças políticas torna indefinida disputa pela prefeitura

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O governador João Doria e o prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB, durante entrega de praça em São Paulo - Governo do estado

A eleição de 2018 demonstrou uma rejeição explícita à política partidária, na esteira da Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

O vácuo foi ocupado pela vaga conservadora que levou Jair Bolsonaro (PSL) e uma série de desconhecidos ao poder no país.

Agora, a alta rejeição ao presidente e as dificuldades de neófitos como os governadores Wilson Witzel (PSC), do Rio, e Romeu Zema (Novo), de Minas, animam expoentes da velha ordem a pensar numa volta por cima em 2020.

No ano passado, o estado de São Paulo acabou nas mãos de João Doria (PSDB) —um personagem emergente, mas que já havia sido testado nas urnas. Tal conservadorismo não se vê, contudo, na disputa pela capital no ano que vem.

Na maior cidade do país, o que se tem a esta altura da corrida é uma fragmentação de nomes que reflete o esvaziamento de lideranças.

A começar pelo atual prefeito, o tucano Bruno Covas, que conduz gestão sem marcas visíveis para o eleitorado e não conta, tudo indica, com a plena confiança de seu partido —apesar de declarações públicas e protocolares de apoio.
 

Doria traça um plano presidencial para 2022 e não pode prescindir de sua área de influência direta, em especial quando aliados do PSDB estão bem posicionados em centros vitais como Rio e Belo Horizonte. O preço de apoios tenderá a subir de forma inversamente proporcional à musculatura tucana.


Covas pode, naturalmente, reagir. Mas o fato de não ser cotado hoje como um dos favoritos em 2020 é sintomático do deserto de referências políticas na cidade.

O PSDB ficou desgastado pelo abandono precoce da prefeitura por parte de Doria. O PT, polo importante de poder municipal desde 1989, se vê sem opções viáveis.

Não parece casual que dois nomes considerados mais competitivos sejam os de pessoas sem história política associada à capital.

Um deles é o do ex-governador Márcio França (PSB), que tem como base o litoral paulista. Outro, o da deputada federal Joice Hasselmann (PSL), jornalista oriunda do Paraná que acabou eleita no tsunami bolsonarista de 2018.

O primeiro foi rival de Doria no pleito passado, e a segunda se mostra uma das mais vocais aliadas do governador no Congresso. Acredita-se que possa receber o apoio do tucano, velado ou aberto, a depender da presença de Covas na cédula.

editoriais@grupofolha.com.br

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