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Juros rumo ao piso

Já se projeta taxa do BC em 4,5%; economia mostra alguns bons sinais no 3º tri

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Fachada da sede do Banco Central, em Brasília - Fátima Meira - 7.jul.17/Futura Press/Folhapress

Com o mais recente corte, de 6% para 5,5% ao ano, a taxa de juros do Banco Central atingiu novo marco histórico de baixa —o que não é propriamente motivo de celebração. A medida, afinal, decorre da persistente letargia da atividade econômica, além de um quadro inflacionário benigno.

Nesse contexto, e apesar de riscos consideráveis, há espaço inédito para explorar os limites da política monetária de forma consistente. Formalmente, os modelos do BC prescrevem reduções adicionais. 

No cenário que supõe cotação do dólar a R$ 4,05 e juros de 5% ao ano até o final de 2020, a projeção para a inflação do próximo ano fica em 3,8%, abaixo da meta de 4%. A maior parte dos analistas já considera que o ponto de parada da Selic ficará perto de 4,5% até dezembro.

Trata-se de um estímulo necessário para a economia. Apesar da surpresa algo positiva com o crescimento de 0,4% observado no Produto Interno Bruto do segundo semestre, a cifra esperada para o ano não chega a 1% —e, o que é pior, estão em queda as expectativas para 2020, na casa dos 2%.

Nem tudo são más notícias, contudo. Uma série de choques afetou os resultados do PIB desde meados do ano passado: greve dos caminhoneiros, incerteza eleitoral, dúvidas quanto à reforma da Previdência e a crise na Argentina.

Embora seguidas decepções recentes recomendem cautela, há sinais de que os efeitos de todos esses reveses começam a se dissipar. Os primeiros dados conhecidos do terceiro trimestre sugerem melhora, ainda que tímida. 

As vendas no varejo e indicadores de serviços mostraram bom desempenho. A confiança vem subindo em todos os setores, até na depauperada construção civil. Os investimentos privados em infraestrutura podem aumentar.

O crédito para pessoas físicas e jurídicas também mostra reação, embora haja muito a avançar na redução dos juros bancários. O custo financeiro em queda, de todo modo, permite redução do endividamento das empresas.

Há tempo para viabilizar alguma aceleração da economia no próximo ano. Para tanto, será fundamental perseverar em reformas e na austeridade orçamentária. 

O país conviveu por décadas com a nefasta combinação de gastos públicos em disparada e a contrapartida dos juros mais altos do mundo para controlar a inflação. Pela primeira vez, vive-se o oposto. Por difícil que se apresente a travessia, esse é o caminho mais promissor.

editoriais@grupofolha.com.br

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