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Maria Alice Setubal e José Marcelo Zacchi

Sociedade civil presente na agenda pública

Diversidade e liberdade são fundamentais na inovação

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A socióloga Maria Alice Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal e do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) - Reinaldo Canato - 22.jan.19/Folhapress

O Brasil vive o desafio da construção. A sucessão de crises dos últimos anos nos legou o descrédito profundo nas possibilidades do país e a captura do cotidiano público pelo conflito e pela negação de todo acúmulo prévio, nas várias instâncias do poder público e da sociedade.

Consumidos pelo cultivo diário da raiva, do divisionismo e da perseguição à diferença, nos afastamos de perguntas fundamentais para o futuro: como avançar na educação e na saúde? Que caminhos adotar para a ampliação de oportunidades produtivas e de mobilidade social, revertendo o aprofundamento de desigualdades e nutrindo a retomada da economia? Como valorizar o patrimônio socioambiental, contribuindo para a agenda climática do planeta? Que ações efetivas conjugar para fazer frente à violência enraizada? Que agendas impulsionar para a requalificação da vida política e democrática? Como atualizar os meios de ação coletiva entre sociedade, empresas, universidades e setor público para avanços comuns?

Em tempos de desalento, a saída é buscar referências inspiradoras. O bom é que, assim, encontramos um país repleto de agentes e iniciativas produzindo respostas para as questões acima, na contramão lúcida e tenaz da corrosão da arena pública.

São cidadãos e cidadãs atuantes em espaços comunitários, organizações na sociedade civil, centros de pesquisa e produção de conhecimento, empresas e associações privadas mobilizando recursos e capacidades, desenvolvendo projetos e práticas, cooperando entre si e com órgãos públicos diversos pela expansão da cidadania e de conquistas coletivas.

A mesma amplitude de atores que esteve na raiz da inserção do Brasil entre os países com maior avanço no IDH ao longo dos últimos 30 anos de vivência democrática. Conquista impulsionada e partilhada por todos na sociedade e que corremos o risco claro de perder agora, na trilha das metas globais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030.

É por isso que o Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) promove, desta terça-feira (10) até 17 de setembro, a 1ª Mostra Gife de Inovação Social, reunindo um panorama amplo de ações na sociedade voltadas a expandir capacidades e gerar soluções novas —da atenção à primeira infância à segurança pública, do meio ambiente ao empreendedorismo inclusivo, do desenvolvimento urbano à democracia.

A mostra trará mais de 300 iniciativas distribuídas pelo país, atualizando a visão de como a soma de atores na esfera pública —da filantropia e do investimento social privado, da sociedade civil e de ONGs, da academia, do poder público, da cooperação internacional— é decisiva para avançarmos. Mais que isso, também de como diversidade, liberdade e pluralidade são fundamentais para inovação e construção públicas, em lugar de obstáculo para elas, como querem fazer crer com frequência o discurso oficial e a atitude dominante entre nós hoje.

Nunca é demais lembrar que foi com essa amplitude e vitalidade social que geramos todos os avanços acumulados até aqui. Movidos por elas, identificamos e trouxemos à tona os limites desses avanços em cada momento. Somente com elas poderemos encontrar os caminhos para superar esses limites, no rumo do desenvolvimento e da sociedade de que precisamos e que podemos ser.

Maria Alice Setubal (Neca)

Doutora em psicologia da educação (PUC-SP), socióloga e presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal

José Marcelo Zacchi

Secretário-geral do Gife

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