Descrição de chapéu

Trump na mira

Contra impeachment, republicano conta com maioria no Senado e economia forte

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O presidente americano, Donald Trump, durante entrevista - Jonathan Ernst/Reuters

Desde sua posse, em janeiro de 2017, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem motivado especulações sobre uma eventual interrupção de seu mandato por um processo de impeachment.

Estimuladas pelo perfil populista, um tanto anárquico e com traços antidemocráticos do mandatário, tais conjecturas sempre esbarraram, no entanto, na realidade política do país.
 

Trump contava e ainda conta com apoio parlamentar mais do que suficiente para afastar a ameaça —apesar de seu partido ter perdido a maioria na Câmara. Além disso, supostos desvios, como a alegada colaboração com agentes russos para se eleger, não se mostraram sólidos o suficiente para motivar uma proposta nesse sentido. 

Na terça (24), contudo, o cenário mudou. A democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara, anunciou a abertura de um processo de impeachment contra o republicano.

O motivo é uma conversa telefônica, ocorrida em julho, na qual Trump sugere ao novo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que o país investigue Hunter Biden, filho de Joe Biden, vice-presidente no governo de Barack Obama e pré-candidato dos democratas à corrida presidencial de 2020.

O líder americano teria, ademais, interrompido ajuda financeira à Ucrânia como forma de pressão.
Hunter faz parte do ​conselho de uma empresa de gás que esteve na mira da promotoria ucraniana.

Quando no poder, Joe teria pressionado o então presidente Petro Poroshenko a demitir o procurador-geral Viktor Shokin, que investigava a empresa —um tipo de interferência semelhante à que agora se atribui a Trump.

No entendimento de Pelosi, o uso da condição de presidente para coagir um governante a investigar o filho de um adversário político configura violação à Constituição. “O presidente precisa ser responsabilizado. Ninguém está acima da lei”, disse a parlamentar.

Em que pese o clima de acirramento de ânimos que antecede o ano eleitoral, o ato de Trump não parece, ao menos até aqui, potente o bastante para provocar uma reviravolta de tal monta.

Mesmo na hipótese de a proposta prosperar na Câmara, o julgamento é atribuição do Senado. A Casa, que tem maioria republicana, precisa de dois terços dos votos para concretizar o afastamento. 

Embora processos tenham sido instaurados, jamais um presidente dos EUA foi deposto por meio de impeachment. Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998, foram absolvidos. Já Richard Nixon, que provavelmente seria condenado, renunciou em 1974.

Salvo novidades acachapantes, tudo indica que Trump continuará contando com o apoio de seu partido e de suas bases eleitorais —num momento em que as condições ainda bastante favoráveis da economia atuam a seu favor.

editoriais@grupofolha.com.br

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