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A implosão

Ação desastrada de Bolsonaro acirra briga no PSL e cria riscos para o governo

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O deputado Delegado Waldir (GO), líder do PSL na Câmara - Pedro Ladeira/Folhapress

O aprofundamento da disputa travada por Jair Bolsonaro (PSL) com o grupo que controla seu partido político ofereceu ao país um espetáculo grotesco nesta semana.

No primeiro ato, o presidente tentou desalojar um desafeto da liderança da bancada na Câmara, substituindo-o pelo filho Eduardo Bolsonaro (SP) —o mesmo que até outro dia queria fazer embaixador. 

O chefe do Executivo se empenhou pessoalmente em busca de votos, telefonando para fazer apelos a correligionários e ameaçar  infiéis. A manobra fracassou, e o deputado Delegado Waldir (GO) se manteve no cargo com o apoio de mais da metade da bancada. 

O parlamentar se disse traído pelo presidente e chegou a chamá-lo de vagabundo numa reunião, que um aliado do Planalto gravou escondido. As duas facções rivais passaram então a trocar ofensas em público e iniciaram retaliações.

Bolsonaro destituiu Joice Hasselmann (SP) do posto de líder do governo no Congresso, rompendo com a aliada de primeira hora e trocando-a por um senador do MDB.
Nesta sexta (18), a ala liderada pelo deputado Luciano Bivar (PE) ampliou seu controle sobre o diretório nacional do PSL e tomou medidas contra os bolsonaristas.

A cúpula do partido suspendeu  das atividades partidárias cinco deputados alinhados com o presidente e afastou os filhos de Bolsonaro do comando dos diretórios estaduais que eles controlavam.

Em meio à poeira levantada pela refrega, a semana terminou sem sinais convincentes de pacificação das rivalidades internas. Os danos sofridos pelo presidente, no entanto, parecem evidentes.

Há também os riscos que Bolsonaro corre ao mergulhar numa disputa que colocou em jogo o quinhão do PSL nos fundos públicos disponíveis para o financiamento da próxima campanha eleitoral.

Ao trocar farpas com o filho do presidente nesta sexta, Joice Hasselmann chegou a insinuar que desvios ocorridos no passado poderão vir à tona agora.

Sem controle de um partido capaz de organizar uma base de apoio confiável para suas iniciativas no Congresso, Bolsonaro torna-se cada vez mais dependente de siglas tradicionais como o DEM, que hoje comanda a Câmara e o Senado.

Mesmo com espaço reduzido na máquina do governo e tratadas com desprezo pelo presidente desde a campanha eleitoral, essas legendas foram responsáveis pelo principal êxito alcançado pelo governo até agora no Legislativo —o avanço da reforma da Previdência. 

Com o presidente alijado do poder dentro do próprio partido, as siglas que dão as cartas no Parlamento tendem a cobrar mais caro na próxima vez em que o Palácio do Planalto precisar de apoio.

editoriais@grupofolha.com.br

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