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Esforço integral

São Paulo pode aprender com Pernambuco vantagem de jornada mais longa no ensino

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Sala de aula de escola estadual em Guarulhos, em São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

A introdução do período integral na rede estadual de ensino de São Paulo ilustra bem o fenômeno das consequências não pretendidas de políticas públicas em teoria adequadas. Por que uma medida tida e havida como benéfica termina enfrentando resistência nas escolas?

Há consenso de que manter alunos por mais horas no colégio traz ganhos positivos. O tempo extra pode ser empregado para projetos interdisciplinares, aulas de reforço ou atendimento individual daqueles estudantes que se atrasam.

O Plano Nacional de Educação prevê que pelo menos 25% dos estudantes tenham carga de sete horas diárias até 2024. No estado mais desenvolvido da Federação, a proporção se encontra em 6%.

Parece pouco provável que em cinco anos São Paulo dê o salto necessário. Como mostrou esta Folha na segunda-feira (28), educadores vêm se mostrando refratários à adoção do período integral.

Seria um contrassenso, porque professores da escola que adotar o sistema terão acréscimo de 75% na remuneração. Com jornada de 40 horas, porém, eles ficam impedidos de dar aulas noutras escolas, inclusive particulares, restrição aparentemente desestimuladora.

Mais preocupante é o efeito multiplicador da desigualdade em alguns locais. Se a introdução do sistema implica acabar com o período noturno, estudantes que precisam trabalhar se veem forçados a procurar outro estabelecimento, que pode ficar longe da moradia ou do emprego, favorecendo a evasão.

Há que aprender com os percalços da experiência e, em particular, atentar para a implementação da medida onde ela foi bem-sucedida. Este seria o caso da rede estadual de ensino médio de Pernambuco, que alcançou a terceira posição no ranking de desempenho de alunos em provas padronizadas.

O estado conta com 57% de matrículas em escolas de período integral no ensino médio. A introdução em larga escala, segundo a Secretaria de Educação, mostrou-se decisiva para evitar o surgimento de ilhas de excelência e privilégio.

A adoção se fez de maneira paulatina, começando pela primeira série de uma nova turma. Isso evitou que estudantes empregados da segunda e da terceira série precisassem buscar outra escola.

Cabe ao governo paulista corrigir o rumo do período integral. A resistência não se afigura insuperável, e o benefício esperado justifica o esforço adicional para prosseguir na direção correta.

editoriais@grupofolha.com.br

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