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Linha de fogo

Após confrontos, governo do Equador enfim inicia diálogo com movimento indígena

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Protestos em Quito contra o presidente Lenín Moreno - Henry Romero/Reuters

O Equador se vê há mais de uma semana mergulhado em protestos diários que opõem grupos indígenas ao governo do presidente Lenín Moreno. A reação das forças oficiais às manifestações tem sido violenta: os confrontos deixam até agora saldo de sete mortos e centenas de feridos e detidos.

Já os indígenas tomaram na quinta-feira (10) a inaceitável decisão de tomar reféns policiais e jornalistas, libertados depois de dez horas.

Com a redução dos preços internacionais do petróleo, o Equador vem experimentando nos últimos anos desaceleração da economia, depois de um período de bonança e redução da pobreza.

Seguiu-se um inevitável ajuste orçamentário com redução de gastos sociais, além de acordo com Fundo Monetário Internacional para um empréstimo de US$ 4,2 bilhões. 

Tal linha de crédito exigiu como contrapartida que o governo tomasse mais medidas impopulares, tais como aquela que terminou por ser o estopim das manifestações —o fim do subsídio à gasolina e ao diesel, que vigorava desde os anos 1970.

Compreende-se que a alta abrupta dos preços de combustíveis seja duro golpe para famílias já espremidas pela economia claudicante.

Por outro lado, não restavam ao governo Moreno, cuja aprovação caiu para apenas 22%, maiores alternativas além de um ajuste destinado a reduzir o déficit público.

Ceder neste momento às pressões e elevar gastos poderia acalmar os manifestantes e facilitar a retomada do controle do país, mas criaria novos e mais graves problemas para um futuro próximo.

Tampouco adianta Moreno insistir na tese de que os protestos são insuflados por seu antecessor e ex-mentor Rafael Correa, aliado ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. O Brasil e outros países da América Latina também embarcaram na teoria, que carece de provas e utilidade palpável.

É positivo que Moreno tenha se disposto ao diálogo, mediado por atores internacionais, o que enfim foi aceito pelos indígenas.

Cabe aos dois lados estabelecer compromissos para evitar um recrudescimento das tensões ou uma ruptura da ordem democrática, cenário que preocupa em uma região já assolada por sucessivas crises.

editoriais@grupofolha.com.br

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