A campanha Outubro Rosa, realizada anualmente em todo o mundo, é de extrema importância para promover a conscientização da população sobre a prevenção do câncer de mama, no entanto ela vai muito além disso: cria uma excelente oportunidade para que o câncer, em suas várias formas, ocupe lugar no debate nacional.
Conforme dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), a América Latina deverá enfrentar, em breve, uma epidemia da doença. Calcula-se que, de cada três pessoas, duas serão diagnosticadas com a neoplasia, e haverá mais de 1 milhão de mortes anualmente.
Diante desse cenário, é urgente que os países da região invistam não só em prevenção e tratamento, mas também em pesquisas, para encontrarmos a cura da doença.
E por que investiríamos em pesquisas no Brasil, um país emergente com tantas necessidades em várias áreas?
Enquanto que nos Estados Unidos há mais de 80 centros de pesquisas para cada 1 milhão de habitantes; no Brasil, são apenas dois. Um estudo do Observatório de Oncologia indicou que o câncer já é a principal causa de morte em 516 municípios brasileiros. A probabilidade de morrer após o diagnóstico é duas vezes maior na América Latina do que nos Estados Unidos ou na Europa.
Por isso, pesquisa e produção de conhecimento local são as principais armas para mudar a condição do nosso continente, em que grande parte dos pacientes recebem tratamentos inferiores aos oferecidos em outras regiões do mundo. É necessário estudar melhor o perfil de risco de tumores, as heranças genéticas de nossa população, os hábitos conforme as regiões etc.
É por meio da pesquisa que os médicos encontrarão novas e melhores maneiras de ajudar a população a prevenir, diagnosticar, controlar e tratar doenças, salvando vidas. Mas não podemos esperar apenas por ações governamentais.
Nesse sentido, o Brasil é o primeiro país da América Latina a ter uma organização, sem fins lucrativos, para promover a cultura da filantropia, a fim de arrecadar fundos privados para as pesquisas de combate ao câncer.
O Projeto Cura, inspirado no American Cancer Society, nasceu como um braço do Lacog (Latin American Cooperative Oncology Group), único grupo de pesquisa acadêmica com estrutura e pessoal dedicada a estudos epidemiológicos e clínicos na América Latina.
Segundo o diretor-executivo do Lacog, médico Carlos Barrios, uma das alternativas para enfrentar esse aumento dramático no número de casos de câncer é a consolidação de centros e grupos regionais de pesquisa clínica.
Um dos estudos, em andamento no Lacog e com o apoio do Projeto Cura, ainda dependente de verba, é a fase 3 do ensaio Neosamba, que estuda uma forma de impedir que o câncer de mama HER2-negativo volte na paciente. Esse estudo será realizado em 12 centros oncológicos, pertencentes a 8 estados brasileiros, com a participação de quase 500 mulheres pacientes do SUS.
A conclusão pode ter impacto global imediato no cuidado de mulheres com câncer de mama. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), até o final deste ano serão 60 mil novos casos de câncer de mama.
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