Um dos principais fatores a dificultar a retomada da economia nos últimos anos tem sido a exasperante letargia da criação de empregos. Apesar da elevada informalidade no mercado, há sinais de que a situação pode melhorar adiante.
Dados recém-divulgados mostraram a criação líquida de 157,2 mil vagas com carteira assinada em setembro, no resultado mais positivo para o mês desde 2013. Em 12 meses, o número chega a 548,3 mil postos. Outra novidade é a geração em todos os principais setores, incluindo os mais atingidos pela crise, como a construção civil.
A geração de empregos formais tem importância redobrada, pois permite um encadeamento mais favorável em toda a economia —um empregado com carteira tem mais facilidade em abrir conta em bancos e obter crédito, por exemplo.
É verdade que os dados totais do mercado de trabalho, coletados pelo IBGE, conta uma história menos auspiciosa. Mostra-se a criação de 1,84 milhão de vagas no período de 12 meses até agosto, com prevalência de ocupações na maior parte mais precárias (95% delas sem carteira ou por conta própria).
Nada menos que 41% da população ocupada está na informalidade, e outras cifras suscitam preocupação. A taxa de desemprego tem caído lentamente —na média do trimestre junho-agosto foram 11,8%, ante 12,1% no período correspondente do ano passado. A desocupação ainda atinge 12,6 milhões de brasileiros.
Embora o desempenho recente recomende cautela, os indícios são de continuidade na abertura de postos de trabalho. Uma coletânea de fatores pode impulsionar gradualmente a economia.
Com a taxa Selic, do Banco Central, renovando mínimas históricas, há um considerável estímulo monetário ainda por se fazer sentir na atividade. Muitas taxas para o crédito ainda se encontram em patamares escorchantes, mas várias modalidades, sobretudo destinadas a pessoas físicas, têm mostrado forte crescimento.
Também é plausível alguma aceleração dos investimentos em 2020, em especial na infraestrutura, com alto potencial de geração de empregos. Se isso acontecer, o país terá começado a superar a fase socialmente mais custosa da crise.
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