Descrição de chapéu

O crime não compensou

Condenação de Geddel é marco em trajetória de acusações por atividades nebulosas

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Malas de dinheiro de Geddel encontradas dentro de apartamento em Salvador - Polícia Federal/AFP
 

Mesmo em um país marcado por escândalos de corrupção em série, causou perplexidade, em setembro de 2017, a fotografia da sala de um apartamento em Salvador onde se acumulavam malas e caixas abarrotadas de dinheiro em espécie. 

Produzida pela Polícia Federal, a imagem, que mais parecia extraída de um filme policial de baixo orçamento, deixou em situação periclitante Geddel Vieira Lima.

O político do então PMDB (hoje MDB) mantinha estreita relação com o ex-presidente Michel Temer, membro do mesmo partido, de quem havia sido ministro-chefe da Secretaria de Governo em 2016.

Com longa carreira política, Geddel ocupou posições vantajosas nos governos dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva (ministro da Integração Nacional, no segundo mandato) e Dilma Rousseff (vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal).

Sua trajetória se destaca por acusações de envolvimento em atividades nebulosas. 

Em 1993, por exemplo, foi apontado como beneficiário de propinas de empreiteiras no famigerado esquema de desvios conhecido como o dos Anões do Orçamento, sob o comando do então deputado baiano João Alves —que ficou famoso por alegar ter ganho mais de 200 vezes na loteria.

Geddel deixou o ministério de Temer em 2016 depois de ser acusado pelo então ministro da Cultura Marcelo Calero de exercer pressões para liberar a construção de uma torre em Salvador que desrespeitava regras do Iphan, órgão federal responsável pela gestão do patrimônio histórico nacional.

O movimentado percurso do ex-ministro foi enfim interrompido com a descoberta do bunker em Salvador onde armazenava R$ 51 milhões em dinheiro vivo. 

Na terça-feira (22), a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal condenou Geddel e seu irmão, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, também do MDB da Bahia, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Para o primeiro, fixou-se a pena de 14 anos e 10 meses de prisão, além de multa de cerca de R$ 1,6 milhão. Já Lúcio foi sentenciado a 10 anos e 6 meses de reclusão e multa de cerca de R$ 900 mil. Impôs-se também uma reparação de R$ 52 milhões a ambos.

Ainda cabe recurso por parte dos condenados, decerto, mas esse é um daqueles casos que confirmam o clichê de que uma imagem fala mais do que mil palavras.

editoriais@grupofolha.com.br

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