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Óleo nas praias

Governo demorou na apuração de responsabilidades pelo desastre ambiental

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Betume na praia de Sítio do Conde, na Bahia - Raul Spinassé/Folhapress

São várias as perguntas ainda sem resposta acerca das manchas de óleo que, há mais de um mês, atingem praias de todo o Nordeste brasileiro, do Maranhão à Bahia.

As primeiras ocorrências foram registradas no litoral da Paraíba, no final de agosto. Cerca de 40 dias depois, já são mais de 60 cidades atingidas, numa área que se espraia por aproximadamente 2.000 km de costa —o que faz do episódio o maior desastre ambiental do país em extensão territorial.

Recolheram-se, até agora, cerca de 135 toneladas da substância, identificada como petróleo cru, e os impactos estão sendo avaliados. 

Quase duas dezenas de tartarugas marinhas, animal ameaçado de extinção, morreram em decorrência da contaminação. Em Sergipe, o Projeto Tamar suspendeu a soltura de filhotes por causa do problema. Biólogos receiam ainda que a poluição possa prejudicar a reprodução de outros animais, como golfinhos e baleias jubarte.

Além disso, praias acabaram interditadas, afetando o turismo. Na foz do rio São Francisco, teme-se que a fenômeno comprometa o abastecimento à população, bem como a pesca do camarão.

Embora o Ibama já atuasse desde o aparecimento das primeiras manchas, o governo federal demorou muito a agir e começar a investigar a origem do problema. 

Apenas no dia 5 de outubro, mais de um mês após os primeiros registros, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou que a Polícia Federal, a Marinha e o Ministério do Meio Ambiente iniciassem a apuração das causas e da responsabilidades pelo derramamento.

Entre as poucas certezas até o momento está a de que o petróleo que se irradiou pela costa nordestina não é brasileiro. Análises da Petrobras mostraram que a substância possui características compatíveis com as do óleo produzido na Venezuela, mais pesado.

Como ele chegou às praias, porém, constitui mistério. Tudo leva a crer que o petróleo veio de alguma embarcação que cruzava o Atlântico. Aventam-se as hipóteses de naufrágio, vazamento acidental, ação criminosa e limpeza ilegal.

De acordo com a Marinha, passaram pela região em agosto, 140 navios-tanque, e aqueles que transportavam carga com características compatíveis foram instados a prestar esclarecimentos.

Que as autoridades sejam mais céleres para esclarecer a questão e encontrar os culpados do que o foram para começar a agir.

editoriais@grupofolha.com.br

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