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Sonhos de cidade

São Paulo mira zeladoria, quando deveria buscar transformações mais arrojadas

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Vista aérea da avenida Paulista - Tuca Vieira/Folhapress

Décadas de gestões municipais que não conseguem cumprir funções básicas achataram os sonhos do paulistano médio para sua cidade. Ruas limpas, lixo recolhido, parques e praças com grama cortada e equipamentos bem cuidados, árvores podadas, calçadas sem buracos e asfalto liso parecem utopia, quando não passam de obrigação.

A zeladoria urbana é um dos pontos de contato mais frequentes do cidadão com a prefeitura, e uma das razões que mais levam o munícipe a reclamar. Precária, lega problemas visíveis que impactam a qualidade de vida nos bairros onde se mora, trabalha e transita.

Uma das apostas do até aqui pouco midiático prefeito Bruno Covas (PSDB) para deixar sua marca antes da provável campanha à reeleição em 2020 é justamente aumentar os gastos com esse tipo de manutenção. No próximo ano devem ser destinados R$ 3 bilhões para a tal zeladoria, o dobro do gasto previsto em 2019 e seis vezes o gasto médio em anos anteriores.

Quem anda pela cidade pouco vê os sinais dessa dinheirama sendo gasta. Calçadas, túneis, semáforos, praças e passarelas sofrem com a falta de cuidado.

Bom seria se a máquina estatal tratasse do básico sem sobressaltos para que ​prefeito, entidades e cidadãos pudessem vislumbrar objetivos de vulto, adequados ao que deveria ser a ambição da maior e mais rica cidade do país.

A gestão atual, tal como as anteriores, não deve deixar um legado urbanístico mais amplo, com a revitalização ou a transformação de um bairro ou região em polo artístico, gastronômico ou turístico.

Outras grandes cidades recorrem a concursos arquitetônicos ou criam espaços públicos que realmente vêm a ser ocupados e usados pela população, gerando bem-estar e renda, como o parque High Line em Nova York ou a revitalização do Puerto Madero em Buenos Aires.

São Paulo já perdeu oportunidades, como as reformas da praça Roosevelt e do largo da Batata, que resultaram em ganhos apenas modestos para os frequentadores. O projeto para o Anhangabaú, controverso, está atrasado. O parque Minhocão segue cercado de dúvidas logísticas e jurídicas.

Passa da hora de a cidade —e aqui não se fala apenas da prefeitura— abraçar ambições dignas de sua dimensão e sua riqueza.

editoriais@grupofolha.com.br

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