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Cidades submersas

Inundações anuais e bairros devastados podem ser realidade com mudança climática

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Enchente em Itaquaquecetuba, em São Paulo - Diego Juan/MyPhoto Press/Folhapress

O brasileiro está, infelizmente, acostumado a episódios de enchente. A cada verão, repetem-se as cenas após as chuvas: moradores que perdem móveis e eletrodomésticos, pessoas e animais arrastados pelas águas, famílias desabrigadas em escolas ou ginásios.

Se essa tragédia rotineira é hoje normalmente causada por rios ou córregos que transbordam, a ameaça nas próximas décadas começará a vir também do mar.

Em locais como a região metropolitana do Rio de Janeiro, a Baixada Santista e as cidades de Caraguatatuba (SP) e Joinville (SC), onde vivem 1,4 milhão de brasileiros, há risco de inundações anuais até 2050. Para 1 milhão de pessoas no país, a situação é ainda pior: seus bairros podem ficar permanentemente submersos nesse período.

O perigo de que se torne verdade o cenário imaginado por Chico Buarque na música “Futuros Amantes” (“E quem sabe, então/o Rio será/alguma cidade submersa”) vem da mudança climática.

Geleiras vão derretendo e aumenta o nível do mar; a própria água, mais quente, se expande; e eventos climáticos extremos, como tempestades tropicais, se tornam mais frequentes e mais destruidores com a atmosfera mais aquecida.

Desde 2006, o nível dos oceanos vem aumentando 3,6 mm por ano. Projeções indicam que, se o mundo conseguir manter o aquecimento global abaixo de 2°C, os oceanos subirão meio metro até 2100.

Esse é o cenário otimista, que não parece provável. Mantidas as taxas atuais de poluição por carbono, que causa o efeito estufa, será um metro a mais no nível do mar até o final deste século.

As previsões sobre as áreas inundadas são de pesquisa feita pela Climate Central, ONG que estuda a mudança climática, e publicada na revista científica Nature Communications. Países como China, Vietnã, Tailândia e Índia também serão fortemente afetados pela subida dos mares, e 150 milhões podem perder suas casas.

No Brasil e fora dele, os pobres serão desproporcionalmente atingidos pelas inundações, seja por se concentrarem em muitas das áreas apontadas como as mais afetadas, seja porque perder casa e posses é emergência financeira muito maior para quem já tem tão pouco.

Negar a existência da mudança do clima em nada vai ajudar essas populações. Já passa da hora de o mundo perceber que o aquecimento global não é só emergência climática, mas também social.

editoriais@grupofolha.com.br

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