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Custosa mobilidade

Impactos econômicos e ambientais recomendam desincentivo ao uso do automóvel

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Tráfego às 6h30 na avenida das Nações Unidas sob a ponte Octavio Frias de Oliveira, na zona sul de São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

O tráfego intenso e os longos deslocamentos necessários em diversas cidades brasileiras tomam, além de tempo, cada vez mais recursos dos usuários e da sociedade.

Estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) estimou os custos socioeconômicos da mobilidade urbana em nada menos de R$ 483,3 bilhões anuais, como mostrou o 3º Seminário de Mobilidade e Inovação organizado por esta Folha. O valor é 7% maior que o do levantamento anterior.

Entre os aspectos considerados estão os gastos individuais de usuários de transporte e de empregadores, os recursos do poder público para manter o sistema em funcionamento e os impactos sociais da movimentação dos habitantes, como os de emissão de poluentes e acidentes de trânsito.

No plano individual, o ônus do transporte também vem aumentando. Na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 do IBGE, as despesas dos brasileiros com transporte superaram pela primeira vez as destinadas à alimentação —estas somam 17,5% do gasto doméstico, e aquelas, 18,1%. Carros e motos são os itens que mais pesam nessa balança, embora respondam por apenas um terço das viagens.

Além de custar mais e beneficiar uma parcela menor da população, o transporte individual consome quase o dobro de energia e polui duas vezes mais que o público.

Para evitar o agravamento de uma situação já dramática, governantes, em particular os das metrópoles, devem promover políticas de desincentivo ao uso de carros. 

Uma alternativa é a criação de pedágios urbanos, a restringir a circulação de veículos em determinadas áreas, como já se fez em cidades como Singapura, Estocolmo, Milão e Londres. Nova York entrará nesse rol até o fim de 2020.

Com os recursos angariados pela cobrança, municípios poderiam investir mais em seus sistemas de transporte público —opção para aqueles que não desejam tirar seus automóveis da garagem. 

Ações do gênero, reconheça-se, são politicamente difíceis, sobretudo num país que historicamente privilegiou o transporte individual.

Não se trata, contudo, de dificuldade intransponível. Pesquisa recente do Instituto Ipsos mostrou que 30% dos paulistanos proprietários de carro aceitariam abrir mão do veículo em favor de outro meio de transporte. Há boa margem, pois, para o avanço dessa agenda.

editoriais@grupofolha.com.br

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