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Desafios do Enem

Cotas poderiam ser vinculadas à prova para aumentar a adesão de alunos

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Saída dos candidatos ao Enem após prova em São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

No último domingo (3), cerca de 5 milhões de estudantes realizaram a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, que será concluído no fim de semana.

Criada em 1998, e desde 2009 o principal meio de acesso às universidades públicas, a avaliação teve um caminho acidentado desde a posse de Jair Bolsonaro, suscitando receios de atraso no cronograma e intervenção em seu conteúdo.

O início conturbado no Ministério da Educação, tomado por disputas entre grupos rivais, levou a trocas sucessivas no comando do Inep, órgão que promove o Enem. De janeiro a maio, quatro presidentes passaram pela instituição.

Havia, ademais, justificada preocupação quanto às questões que constariam no exame, consideradas as invectivas de Bolsonaro a perguntas que, no seu entender limitado, seriam ideológicas.

O governo chegou a criar uma comissão incumbida de realizar triagem do conteúdo da prova, embora não se saiba exatamente como ela funcionou nem que intervenções produziu no exame.

Fato é que pela primeira vez desde 2009 o Enem não contou com questões relativas à ditadura militar, um dos períodos definidores da história brasileira. A despeito disso, a prova, no geral, foi elogiada por professores e não deixou de abordar temas sociais relevantes.

Entre os desafios do exame nos próximos anos, o maior talvez seja o de elevar a participação de estudantes da rede pública. Levantamento desta Folha mostrou que vem aumentando o total de alunos concluintes dessas instituições que não se inscrevem para a prova. O percentual atinge 30%; na rede privada, o índice foi de 5%.

Embora seja difícil avaliar todas as causas por trás do fenômeno, não é descabido considerar que a maior dificuldade das camadas pobres de ingressar em universidades públicas conte como um fator importante de dissuasão.

Assim, o uso de cotas exclusivamente sociais, como defende esta Folha, deveria contribuir para aumentar o acesso de jovens carentes ao ensino superior. O mecanismo poderia ser vinculado aos que cursassem o ensino médio em escolas públicas e fizessem o exame.

Em 2022, aos dez anos da Lei de Cotas, que estipula critérios mistos, sociais e raciais para o preenchimento de metade das vagas em universidade federais, prevê-se a reavaliação da política. Trata-se de boa oportunidade para discutir a implementação de tal alternativa.

editoriais@grupofolha.com.br

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