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Carlos Melles

Empreendedores do amanhã e o futuro da economia

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Qual é o futuro do empreendedorismo no Brasil? Que habilidades e competências os brasileiros precisarão desenvolver se quiserem alcançar o sucesso como empresários nos próximos dez anos? Em um contexto de evolução tecnológica agressiva, que promete mudar sensivelmente o perfil dos donos de negócios, o Sebrae buscou traçar —juntamente com especialistas em gestão e empreendedorismo do país— o perfil do empresário do amanhã.

O estudo revelou que criatividade, inovação, empatia e uma visão sustentável e holística do mundo são algumas das qualidades esperadas para os futuros empreendedores. De acordo com os especialistas ouvidos pelo Sebrae, o empresário do amanhã precisará ter forte formação em "soft skills" (que envolve aptidões emocionais e sociais); pelo menos o “nível básico” em "hard skills" (habilidades profissionais que são quantificáveis, como capacidade de utilizar ferramentas de análise de dados de mercado, por exemplo); conhecimentos sólidos sobre técnicas de gestão; noções básicas de TI; e conhecer novas tecnologias de comunicação.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles - Marcus Leoni - 03.jun.19/Folhapress

Esse diagnóstico representa um grande desafio para governo, Sebrae, empresários e sociedade. Pesquisas recentes do próprio Sebrae mostram que o empreendedor brasileiro ainda está distante desse perfil do empresário de sucesso da próxima década. Os dados apontam que 19% dos empreendedores iniciais não chegaram a concluir o ensino fundamental, e 22% nem sequer terminaram o ensino médio. Também é preocupante o percentual de empresários familiarizados às novas tecnologias da informação. Cerca de 18% dos donos de micro e pequenas empresas não acessam a internet e 26% deles não utilizam computador.

Na mesma linha, outros estudos registram que 73% dos pequenos negócios não contam com página na internet e 60% deles não têm perfil no Facebook (60%). Falta qualificação aos pequenos negócios também no aspecto da gestão financeira. Cerca de 43% das micro e pequenas empresas ainda fazem a administração de receitas e despesas em cadernos ou em folhas de papel, e 53% dos empreendedores nunca fizeram cursos de aperfeiçoamento na área de administração de negócios.

Atentos a essa realidade e à ousadia necessária para ir além, o Sebrae e um conjunto de parceiros realizam, de 18 a 24 de novembro, a Semana Global de Empreendedorismo (SGE), com o tema “Empreender é viver o futuro hoje”. A iniciativa, que chega à sua 12ª edição, visa inspirar, capacitar e conectar jovens e adultos em um movimento que acredita no empreendedorismo como fator chave à geração de desenvolvimento socioeconômico, sendo capaz de transformar realidades. Buscamos, com o engajamento dessa grande rede, da mídia e do ecossistema empreendedor conectado e ativado, promover melhorias no ambiente empreendedor.

Queremos repetir o sucesso de 2018, quando a Semana Global de Empreendedorismo contou com 8.296 eventos, em 1.161 cidades, com 670 instituições, alcançando mais de 1 milhão de participantes. Por isso, ao longo de todo o mês de novembro, com ênfase nesses sete dias, serão realizadas palestras, workshops, oficinas, feiras, cursos, debates e competições online. A cerimônia de abertura acontecerá no dia 18 de novembro em todo o país.

Todavia, envolver tomadores de decisões dos poderes públicos é necessário, já que a capacitação e qualificação dos empreendedores brasileiros precisa acontecer na mesma proporção em que melhoramos o ambiente de negócios no país.

 Na última década, desenvolvemos e aprimoramos a nossa legislação de modo a simplificar a vida dos empresários brasileiros, em especial os donos de micro e pequenas empresas. E a Lei da Liberdade Econômica, recém-sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), representou um passo importante em favor da economia brasileira.

No entanto, é necessário fazer muito mais por essa força que move o país: eles são pequenos, mas suas conquistas são gigantes. O segmento representa 99% de todas as empresas brasileiras, responde por 27% do PIB brasileiro e tem sido essencial para a geração de empregos no país. Somente no mês de setembro, as micro e pequenas empresas geraram 119 mil empregos formais. O número representa 75,7% de todas as vagas abertas no país.

 Se pretendemos assegurar o futuro da economia e do próprio país, precisamos cuidar também do futuro das nossas pequenas empresas. Isso passa não apenas pela melhoria do ambiente de negócios, simplificando leis e reduzindo a tributação, como também pelo estímulo ao empreendedorismo das novas gerações e pelo aprimoramento das competências desses futuros empresários.

Nesse espírito, iniciativas como a Semana Global de Empreendedorismo se tornam fundamentais. O Sebrae não medirá esforços para levar essa oportunidade a um número cada vez maior de pessoas, envolvendo, inspirando, capacitando e conectando toda a sociedade, rumo a um Brasil mais empreendedor!

Carlos Melles

Presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)

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