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Modesta retomada

Com alta do consumo, projeções para expansão do PIB em 2020 podem superar 2%

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Multidão faz fila no Mutirão de Emprego, no centro de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Após um longo período de letargia, em que a atividade econômica ficou acomodada num ritmo de crescimento próximo a 1% ao ano, os indicadores mais recentes sugerem aceleração —ainda que modesta.

Os sinais mais positivos têm vindo do varejo e do setor de serviços em geral. No terceiro trimestre, as vendas no comercio, incluindo automóveis e construção, cresceram 1,4% ante o trimestre anterior, ou 5,6% em termos anualizados.

O ritmo deve continuar sólido nestes últimos meses do ano com a liberação dos saques do FGTS. 
Considerando a melhora também em outros setores, o indicador de atividade do Banco Central mostrou alta de 0,9% no período julho-setembro, o equivalente a 3,6% se a cifra for anualizada. 

Também a criação de empregos parece engatar tendência mais favorável. O Caged, que mede a abertura líquida de empregos com carteira assinada, mostrou 70,8 mil novas vagas em outubro.

Embora em ritmo ainda longe de satisfatório, o emprego cresceu de forma generalizada, em serviços, comércio, indústria e construção civil. Em 12 meses, o saldo positivo chega a 562,1 mil postos.

É verdade que a pesquisa do IBGE nos domicílios —que captura todas as formas de emprego, não apenas as formais, e também indicadores de desalento e precariedade— sugere um quadro menos favorável

No terceiro trimestre, o desemprego permaneceu elevado, abarcando 12,5 milhões de pessoas, ou 11,8% da população ativa, quase o mesmo patamar do ano passado. Mostra-se que o 1,45 milhão de novas vagas em 12 meses são em sua grande maioria (73%) informais. 

Para reduzir subemprego e informalidade, um ou dois trimestres mais positivos decerto não bastam. As repetidas decepções devem servir de alerta para análises mais otimistas. Feita a ressalva, desta vez há mais consistência. 

Vão ficando para trás os efeitos de choques que prejudicaram a retomada, como a greve dos caminhoneiros de 2018, a incerteza a respeito das reformas e até o impacto da recessão argentina, que subtraiu 50% das exportações industriais brasileiras para o país vizinho. 

Por fim, há a politica monetária. Com juros hoje em 5% ao ano e perspectiva de novas reduções, estima-se que haverá considerável impulso para a economia em 2020 —mesmo que a queda da Selic ainda não se reflita plenamente no custo do crédito para pessoas físicas e pequenas empresas.

Tudo considerado, se não houver uma crise internacional grave ou novos ruídos políticos vindos do governo de Jair Bolsonaro, as projeções para a expansão do Produto Interno Bruto em 2020, hoje próximas a 2%, podem subir aos poucos nas próximas semanas.

editoriais@grupofolha.com.br

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