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Novos hábitos

Juro baixo transforma a economia, mas setor financeiro precisa de competição

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Vista de painel do Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores paulista - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Com taxa básica de juros em 5% ao ano e inflação sob controle, é razoável afirmar que o país vive uma situação inédita. Ao menos nas últimas décadas, desde o advento do Plano Real, jamais o custo do dinheiro esteve em patamar tão baixo e em condições de assim permanecer por bastante tempo.

Se o fenômeno de fato se mostrar persistente, não há dúvida de que haverá mudança de hábitos.
Para os poupadores, pequenos e grandes, chega ao fim a era do alto CDI (a taxa interbancária que referencia o mercado e as aplicações financeiras), em que era possível obter polpudos rendimentos sem incorrer em riscos de oscilações no valor dos investimentos. 

No nível atual, os juros de curto prazo, descontado o Imposto de Renda, mal superam a inflação. Para ganhos maiores, será preciso diversificar as aplicações. Fazer isso com qualidade e de forma adequada ao perfil de cada investidor talvez seja o maior desafio adiante.

Qualquer que seja a opção escolhida, ela envolverá necessariamente uma combinação entre prazos mais longos dos títulos (que oferecem rendimentos maiores), risco de crédito (papéis de empresas pagam mais que os do governo) e risco de mercado (variação abrupta nos preços de ações, fundos imobiliários e títulos de longo prazo).

Os sinais de realocação de dinheiro nessas direções já aparecem. Neste ano, espera-se que as captações por parte das empresas e fundos atinjam o maior volume da história (até outubro o montante chegava a R$ 311 bilhões, 54% a mais que em 2018).

Se recorrente, esse rearranjo no uso da poupança poderá transformar a economia. Para que esse potencial se realize plenamente, contudo, cumpre fazer com que o custo do dinheiro mais baixo chegue a consumidores e empresas. 

Não é aceitável que, com uma taxa Selic de 5%, o custo médio na concessão de crédito para pessoas físicas fique em 51% —sem falar na aberração do cheque especial, com taxas de 300% ao ano.

Para tanto, será preciso fomentar a competição no mercado. Mudanças regulatórias devem incentivar o compartilhamento de informações a partir de qualquer plataforma, não apenas do banco. Felizmente essa agenda tem recebido mais atenção do Banco Central, mas deve-se acelerar o passo.

editoriais@grupofolha.com.br

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