Descrição de chapéu
Ricardo Difini Leite

Pela democratização do acesso ao cinema

Política de meia-entrada impede preço mais justo para todos

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Interessante o tema da redação do Enem, no último dia 3 de novembro, que provocou os cerca de 5 milhões de participantes a pensarem sobre a democratização do acesso ao cinema no Brasil. Na verdade, permite que todos façamos importantes reflexões sobre esse setor.

A interferência do poder público, principalmente na política de preços dos ingressos, tem sido um dos principais entraves para que uma parcela mais significativa da população possa usufruir desse relevante segmento cultural e de lazer.

Sala de cinema no Morumbi Town Shopping, em São Paulo - Adriano Vizoni - 20.fev.19/Folhapress

Historicamente, as salas de cinema são escolhidas para serem o grande chapéu alheio das caridades do Poder Legislativo, que cria leis —nos níveis municipal, estadual e federal— concedendo descontos expressivos de meia-entrada e até mesmo gratuidade para diversos grupos da sociedade civil, afastando dos cinemas uma parcela importante e hipossuficiente, que não é privilegiada por esses benefícios legais e que é obrigada a pagar o valor cheio do ingresso.

O valor atual do ingresso médio praticado nos cinemas é de R$ 16, em cálculo que considera o faturamento bruto da bilheteria, dividido pelo número total de espectadores. A fonte é a Filme B Box Office, considerada uma das empresas com maior credibilidade do mercado por dispor de um completo banco de dados sobre a exibição no Brasil.

No entanto, o valor cobrado aos espectadores que não possuem o direito de pagar meia-entrada nos ingressos é muito maior do que o valor médio praticado, inviabilizando o acesso aos cinemas das categorias menos privilegiadas da sociedade.

Infelizmente, vivemos em um país onde, em muitas situações, estudantes universitários ou pós-graduados, pertencentes a famílias com poder aquisitivo, pagam metade do valor do ingresso, enquanto a maioria dos trabalhadores do Brasil teria que pagar o valor mais caro para frequentar as salas de cinema, afastando-os desta arte, um sinônimo de cultura, conhecimento e lazer.

O mais justo seria que as empresas exibidoras pudessem definir livremente suas políticas de preços, sem as amarras legais da meia-entrada, propiciando um preço mais justo não só a uma parcela da população, mas para toda a sociedade.

Se não tivéssemos leis eleitoreiras e demagógicas, certamente um número maior de pessoas poderia frequentar as salas de cinema do Brasil, pagando um valor mais acessível e democratizando, de forma concreta, o acesso ao cinema.

Ricardo Difini Leite

Presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec)

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