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Na margem de erro

Datafolha vê rejeição estável a Bolsonaro em meio a melhora incerta da economia

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O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores e fala com a imprensa ao sair do Palácio da Alvorada - Pedro Ladeira - 2.nov.19/Folhapress

São sutis os movimentos do eleitorado neste primeiro ano do mandato de Jair Bolsonaro. A despeito da propensão do presidente ao conflito permanente e do avanço de uma agenda econômica controvertida e ambiciosa, seus índices de aprovação e rejeição não tiveram alterações bruscas.

Conforme pesquisa realizada pelo Datafolha na quinta e na sexta-feira (5 e 6), 30% dos brasileiros aptos a votar consideram o governo ótimo ou bom. O percentual é semelhante aos apurados em abril (32%), no início de julho (33%) e no final de agosto (29%).

Trata-se de uma proporção modesta para quem se saiu vitorioso nas urnas há cerca de um ano. A esta altura de seus governos, o tucano Fernando Henrique Cardoso e o petista Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, contavam com popularidade na casa dos 40%.

Em certa medida, o fenômeno atual é explicável pelo grau inusual de polarização ideológica vigente na sociedade. Mas enganou-se quem imaginou que Bolsonaro moderaria discurso e prática em busca do centro político, como fizera Lula, partindo da esquerda, no início da década passada.

Em vez disso, o mandatário se mantém aferrado às diatribes de campanha —ou talvez seja mais preciso dizer que se mantém em campanha. Hostiliza, a todo momento e a qualquer pretexto, políticos, imprensa, artistas, ambientalistas e o que quer julgue fazer parte do establishment.

Sua rejeição mostrou elevação gradual de abril a agosto, quando a parcela dos que acham o governo ruim ou péssimo passou de 30% a 38%. Essa tendência parece agora estancada, com a taxa em 36%.

A estabilidade não deixa de ser notável num período em que se aprovou uma profunda reforma previdenciária —e diante da ampla percepção, também constatada pelo Datafolha, de que o presidente não se comporta de acordo com o cargo e de que a imagem do país no exterior piorou.

Entretanto também se nota, pela primeira vez no ano, alguma alta do otimismo com a economia. Hoje, 43% dos eleitores acredita que a situação vai melhorar, ante 40% em agosto; a avaliação positiva da política econômica subiu de 20% para 25%, movimento que não se estendeu a outras áreas do governo.

Há razões a sustentá-lo. A queda da inflação e dos juros tem facilitado, enfim, a expansão do crédito e do consumo; o desemprego cai, embora lentamente; os investimentos privados, ainda muito deprimidos, estão aumentando.

Tais fatores encorajam projeções de um crescimento do PIB acima de 2% em 2020, após três anos na casa de 1%. A margem de erro nesse caso, porém, é elevada, ainda mais no imprevisível governo Bolsonaro.

editoriais@grupofolha.com.br

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