Descrição de chapéu

Um ano de AMLO

Presidente esquerdista do México colhe resultados frágeis diante de promessas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, e sua mulher, Beatriz Gutiérrez, em cerimônia de comemoração de um ano de governo - Xinhua/Francisco Cañedo

A chegada do esquerdista Andrés Manuel López Obrador à Presidência do México, há um ano, veio cercada de enormes expectativas. 

O mandatário prometera durante a campanha uma agenda de transformações profundas no país, que deveria combinar forte crescimento da economia, combate à corrupção, redução drástica da violência e políticas voltadas às camadas mais pobres da sociedade.

Até aqui, contudo, o saldo da administração se mostra pouco auspicioso. No âmbito econômico, em particular, o objetivo de expandir o Produto Interno Bruto a taxas anuais de 4% vem se mostrando completamente irrealista.

Neste 2019, a variação do PIB deve ser nula; para 2020, as previsões apontam um percentual próximo de 1%, resultados que analistas atribuem, sobretudo, à redução de investimentos decorrente do pessimismo da classe empresarial.

A estagnação da atividade ameaça, entre outras metas, a ambiciosa agenda social defendida por AMLO —acrônimo pelo qual o presidente mexicano é conhecido.

O Orçamento proposto para 2020 passa longe do discurso grandioso da campanha e traz somas relativamente modestas nas rubricas voltadas aos mais carentes, além de cortes em alguns programas.

O governo também mostrou desempenho pífio na segurança pública. A violência associada ao narcotráfico manteve-se altíssima, colocando em xeque a estratégia conciliatória de combate à criminalidade, resumida no lema “abrazos, no balazos” (abraços, não tiros).

Até novembro, quase 32 mil pessoas foram assassinadas, e o recorde de 2018 deve ser batido.

Além disso, embora tenha anunciado o fim da guerra às drogas, AMLO não apresentou até o momento um plano consistente para lidar com a questão nem se dispôs a promover um necessário debate sobre legalização das substâncias como forma alternativa de atacar o problema, a despeito das promessas nesse sentido.

Tais problemas, como seria de esperar, refletem-se em sua popularidade, que caiu 20 pontos desde o início do mandato. O presidente, contudo, ainda mantém níveis altos de aprovação, na casa do 60%.

Entre seus gestos, colocou à venda o avião presidencial, converteu a residência oficial em um centro cultural e cortou os salários mais altos do funcionalismo público. Será necessário, entretanto, muito mais do que medidas simbólicas para mudar a realidade mexicana.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.