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Robson Braga de Andrade

2020, o ano da reação

Projeção mostra que indústria puxará o crescimento

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Há mais de 300 anos, Isaac Newton ensinou ao mundo que para toda ação existe uma reação. Quando um país toma a necessária decisão de promover uma reforma no sistema previdenciário para evitar o colapso das contas públicas, passa um recado claro ao mundo. Ao sancionar uma medida provisória para desburocratizar e simplificar processos para empresas e empreendedores, o governo faz um aceno ao setor produtivo. Ao reduzir juros para os menores patamares da história, mantendo a inflação controlada, a autoridade monetária cria um terreno adequado para o Brasil voltar a crescer.

O cientista inglês ficaria satisfeito em constatar, no Brasil de 2019, que a terceira lei de Newton pode ser extrapolada da física para a economia. Fechamos o ano passado com sinais claros da reação do mercado às ações do governo e do Congresso Nacional. O crescimento do PIB acima do esperado; a criação de mais de 800 mil empregos formais; o aumento, por cinco meses seguidos, do faturamento industrial; e os sucessivos recordes da Bolsa de Valores de São Paulo, que, pela primeira vez, ultrapassou os 110 mil pontos, são provas de que os agentes de mercado respondem positivamente quando estimulados.

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O empresário Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) - Keiny Andrade - 30.nov.18/Folhapress

Indicadores econômicos e pesquisas retratam um país que começa a se reerguer, uma nação que pouco a pouco resgata a confiança e reencontra o caminho do desenvolvimento. De acordo com sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial ficou em 62,5 pontos em novembro, 7,9 pontos acima da média histórica. Para 75% dos quase 2.000 empresários ouvidos em pesquisa realizada entre 2 e 10 de dezembro, as ações e políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro contribuíram para a melhoria da economia.

Caminhamos para ter um 2020 melhor que 2019. Os acordos comerciais entre Mercosul e União Europeia, em um cenário mais amplo de abertura comercial gradativa, melhoram ainda mais as perspectivas para o ano que está começando. 

Segundo a pesquisa, 57% dos empresários consideram que o ambiente hoje é mais ou muito mais seguro para tomar decisões de negócios que em dezembro de 2018. Como para toda ação existe uma reação, 84% dos empresários industriais pretendem investir nos seus negócios no próximo ano. O índice é o maior dos últimos cinco anos.

Pela projeção da CNI, a indústria vai puxar o crescimento do Brasil em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer 2,5%, mais que o dobro do aumento estimado para 2019. Enquanto os setores industriais cresceram apenas 0,7% nos últimos 12 meses, a projeção para 2020 é um avanço de 2,8%. Os índices ganham mais relevância se levarmos em consideração que, a cada R$ 1 produzido na indústria, são gerados R$ 2,40 na economia brasileira. A título de comparação, em agricultura e em comércio e serviços os valores são, respectivamente, R$ 1,66 e R$ 1,49. O dado mostra o poder de alavancagem do setor industrial.

Para o crescimento ser sustentado, no entanto, é preciso tornar o ambiente de negócios mais amigável ao empresário, com modernização das relações de trabalho, reformas tributária e administrativa, melhoria da infraestrutura e ampliação dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação. 

Ao tornar o serviço público mais eficiente, reduzir a burocracia e simplificar a tributação, o país permitirá que o empresário se dedique ao seu negócio. Ao aprimorar a infraestrutura, o governo vai permitir que o escoamento da produção seja feito de modo mais eficiente.

Entre as medidas defendidas pela indústria, está o fortalecimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a manutenção da atual destinação de parcela do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Para adequar as empresas nacionais aos acordos internacionais e, consequentemente, ampliar as exportações, é fundamental investir na modernização da estrutura produtiva. Sem apoio à inovação, o Brasil não estará preparado para enfrentar os desafios da Quarta Revolução Industrial, que já está em curso. 

Só com ações adequadas teremos as reações desejadas.

Robson Braga de Andrade

Empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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