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Ataque aéreo, cerco a embaixada e tensão com Irã geram crise americana no Iraque

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Manifestantes fogem de gás lacrimogêneo atirado por seguranças da embaixada americana em Bagdá - Thaier al-Sudani/Reuters

Na última sexta-feira de 2019, mais de 30 foguetes foram disparados contra uma base que abriga tropas dos EUA na cidade de Kirkuk, no nordeste do Iraque, vitimando um cidadão americano e deixando outras seis pessoas feridas.

A maior potência do mundo responsabilizou pela agressão uma milícia xiita apoiada pelo Irã, denominada Kataib Hezbollah, e desfechou no domingo (31) ataques aéreos contra instalações do grupo perto da fronteira com a Síria, causando a morte de 25 pessoas.

Seguiu-se ao último bombardeio uma onda de indignação popular. Na terça, milhares de manifestantes, estimulados por organizações pró-Irã, marcharam em Bagdá aos gritos de “Morte à América”. Parte deles chegou a invadir o complexo da embaixada dos Estados Unidos, só sendo retirado no dia seguinte.

Somados, os ataques aéreos e a tensão na embaixada constituem a mais grave crise americana no Iraque em anos —e tornam ainda mais delicada a belicosa relação entre os EUA e o Irã.

Este, cuja fronteira com o Iraque se estende por cerca de 1.500 km, vem travando com Washington ao longo das duas últimas décadas uma disputa de influências sobre o país vizinho.

Partidos ligados a Teerã ganharam força no Parlamento iraquiano. Com a invasão da facção extremista Estado Islâmico, em 2014, a nação persa assumiu papel importante, formando milícias xiitas para combater os radicais. O Kataib Hezbollah é considerado o mais poderoso desses grupos.

Mas essa progressiva ascendência também tem gerado fricções no Iraque. Grandes e violentos protestos tomaram o país nos últimos meses, e um dos alvos foi justamente o poder exercido pelas milícias.

Calculado ou não, o principal efeito dos ataques recentes foi desviar a revolta popular, ao menos por ora, para as ações americanas.

O embate entre Washington e Teerã acentuou-se desde a ascensão de Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do acordo nuclear firmado em 2015 e impôs novas sanções econômicas ao desafeto.

Num contexto em que há pouquíssimas brechas para o diálogo, parecem mínimas as chances de distensão entre os dois países —e considerável o risco de que a atual dinâmica de provocações e retaliações continue prevalecendo.

editoriais@grupofolha.com.br

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