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Coalizão espanhola

Acomodar questão da Catalunha será crucial para sucesso de novo governo

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Os espanhóis Pablo Iglesias, do Podemos, e Pedro Sánchez, do PSOE - Reuters

Rompendo um impasse político que já durava quase um ano e duas eleições, a Espanha enfim logrou, na última semana, formar um governo. Na terça-feira (7), o líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, foi ungido pelo Parlamento o novo primeiro-ministro, posição que vinha exercendo de maneira interina.

Para atingir esse resultado, os socialistas precisaram do apoio do Podemos, agremiação cevada nos grandes protestos de 2011 contra medidas de austeridade econômica. Juntas, as siglas formarão o primeiro governo de coalizão da Espanha desde a volta da democracia, na década de 1970 —e um dos poucos de esquerda da Europa.

Tal novidade reflete um panorama político cada vez mais volátil e fragmentado, que tornou quase impossível para alguma agremiação emergir de um pleito como clara vencedora, como era contumaz até 2015, quando implodiu o sistema bipartidário espanhol.

Até então, os tradicionais PSOE e Partido Popular se alternavam no poder, governando ora com maioria absoluta, ora fechando acordos pontuais com agremiações menores para aprovar sua legislação. 

Hoje, a política espanhola tornou-se uma disputa de cinco partidos, e nenhum deles conquistou um triunfo inequívoco nas quatro eleições dos últimos quatro anos.

O processo até o resultado foi longo. Após vencer a eleição de novembro com um resultado abaixo do obtido em abril, e sob risco de forçar um novo pleito, os socialistas concordaram em formar um governo com o Podemos, algo que havia falhado sete meses antes.

Após esse acordo, foram semanas de negociação para que Sánchez obtivesse apoio suficiente de siglas menores, em particular de deputados catalães. A votação foi apertadíssima: 167 votos a favor e 165 contra, além de 18 abstenções.

Trata-se, assim, de um governo frágil desde o nascimento e, ademais, assombrado pela crise territorial da Catalunha. Para que os separatistas se abstivessem no Parlamento, o líder do PSOE prometeu nova rodada de negociações com os políticos que governam a região desde 2015, provocando críticas das forças de direita, que o acusam de abrir o caminho para a dissolução da Espanha.

Será a habilidade de Sánchez para equacionar os interesses conflitantes em torno da sensível questão da Catalunha que determinará, provavelmente, a sobrevivência da coalizão esquerdista.

editoriais@grupofolha.com.br

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