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Ducha fria

Coronavírus sacode mercados, mas efeitos econômicos dependem da gravidade do surto

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Consumidores usam máscaras contra o coronavírus em supermercado de Pequim - Carlos Garcia/Reuters

Os mercados financeiros globais foram abalados nesta semana pelo agravamento do surto envolvendo o coronavírus. Seu epicentro é a China, segunda maior economia do mundo e principal fonte de produtos baratos do planeta. 

Como ocorre nesses momentos, fundos e grandes especuladores internacionais aproveitaram-se das fortes oscilações nos preços dos ativos para maximizar ganhos e realizar lucros, o que derrubou as principais bolsas de valores.

Ao longo da semana, as oscilações acompanharam em parte o noticiário. Ainda é difícil, contudo, enxergar com clareza os verdadeiros impactos do surto da doença. A partir da China, os casos já se espalharam para cerca de 25 países.

Várias companhias internacionais, de grupos de aviação a montadoras, passando por empresas de tecnologia e de bens de consumo, anunciaram fortes restrições em suas operações na China.

Segundo uma estimativa, mais de 60% do PIB chinês é gerado nas 12 províncias com o maior número de contágios. Cidades estão bloqueadas e há restrição à circulação de pessoas, o que paralisou muitas fábricas. Já se especula que o surto poderá subtrair um ponto do crescimento chinês neste ano.

As autoridades do país, porém, não devem ficar paradas, e fortes medidas de estímulo são aguardadas.

A eclosão dessa nova ameaça à saúde da economia global é uma ducha de água fria em um cenário um pouco mais positivo que havia surgido, há duas semanas, após o fechamento do tão esperado acordo comercial entre EUA e China.

Razão de muitas preocupações de investidores e empresas ao longo de 2019, o entendimento entre Washington e Pequim havia aberto o caminho para compensar positivamente outros fatores de fragilidade no cenário global.

A China é o maior parceiro do Brasil, mas seria prematuro especular sobre a real influência da epidemia na corrente comercial de US$ 98 bilhões entre os dois países —sobretudo na área de alimentos essenciais à população chinesa.

Em um contexto mais geral, vale lembrar que o Brasil tem participação muito reduzida na economia global: responde por uma fatia de 1,2% de todo o comércio internacional e produz somente 2,5% dos bens e serviços do planeta.

Longe de isso ser positivo, porque mantém o país atrasado em muitos aspectos, o isolamento torna o Brasil relativamente alheio a impactos externos, desde que limitados.

editoriais@grupofolha.com.br

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