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Epidemia confinada

Maioria de casos de pneumonia por coronavírus se concentra em província da China

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Militar da equipe médica do IMAE (Instituto de Medicina Aeroespacial) mede a temperatura de um dos brasileiros evacuados de Wuhan, na China - FAB

À medida que transcorrem as semanas desde o surgimento do surto de pneumonia pelo novo coronavírus (2019-nCov) na China, em dezembro, fica mais e mais claro que o pior da epidemia se concentra nesse país asiático. Não com pouca gravidade, decerto, inclusive do ângulo econômico, mas sem o trauma de uma pandemia global.

Dos 31.530 casos confirmados até a tarde de sexta (7), 31.213 haviam sido registrados em território chinês. O total de 717 mortes, embora próximo dos 774 óbitos na esteira da Sars em 2003-4, tampouco justifica alarme desmesurado noutras nações, uma vez que a quase totalidade ocorreu na província de Hubei, onde fica a cidade de Wuhan.

Outros 27 países tiveram infecções confirmadas, a maioria de viajantes provenientes da China, com raros casos de transmissão local. Parecem surtir efeito as medidas de prevenção contra a globalização da epidemia, como retirada de estrangeiros seguida de quarentena.

O presidente Jair Bolsonaro de início se mostrou hesitante quanto a essa providência, precipitando-se mais uma vez sem dispor de informações confiáveis. “Não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas”, chegou a dizer. 

Em realidade, eram mais de 34 os brasileiros a evacuar de Wuhan, como mostrou vídeo suplicante que rapidamente se espalhou. Apesar da hesitação presidencial, o governo se mexeu e, com apoio do Congresso, aprovou em pouco tempo uma lei regulamentando a quarentena dos repatriados que devem desembarcar neste fim de semana.

Passageiros dos dois aviões da FAB ficarão confinados por 18 dias no hotel de trânsito da Aeronáutica em Anápolis (GO), assim como os tripulantes. Uma medida extrema de precaução a prejudicar algumas dezenas de brasileiros que tiveram a má sorte de se achar na região de Wuhan, mas justificável para proteger a saúde de multidões.

Até aqui só houve suspeitas descartadas no país, com o total remanescente reduzido a oito.

Pouco se pode fazer em Brasília, contudo, contra os efeitos colaterais do coronavírus na economia. Projeta-se que a epidemia possa ceifar até um ponto percentual do crescimento do PIB chinês, com óbvios reflexos em países como o Brasil, que tem na China o principal destino de suas exportações.

É uma incógnita também o impacto político do 2019-nCov sobre o governo de Xi Jinping. Há grande descontentamento com a administração do surto por Pequim, começando pela letargia interessada na ocultação, seguida por medidas impopulares como o confinamento de milhões de pessoas.

editoriais@grupofolha.com.br

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