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Jogos perigosos

Japão adia a Olimpíada; líderes que não agiram a tempo correm riscos maiores

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Novo Estádio Olímpico, emTóquio - @tokyo2020 no Instagram

Em decisão acertada, o Japão finalmente concordou em adiar os Jogos Olímpicos, que deveriam ocorrer em julho deste ano, por causa da pandemia de Covid-19. Cedeu à pressão de atletas, delegações, países e também da Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir do imperativo da precaução em um panorama de incerteza global.

Mesmo que venha a prevalecer uma evolução menos catastrófica da disseminação do coronavírus, seria inviável dar início ao evento dentro de apenas quatro meses.

Se em países da Ásia a primeira onda da doença parece já ter passado, em diversas partes do Ocidente os surtos epidêmicos apenas começam, e há a sensação de que poderão ser piores do que os registrados no Oriente.

É de sensação, de fato, que se trata; a esta altura, comparações objetivas são precárias. Pode-se, claro, constatar a situação de extrema dificuldade por que passam os sistemas de saúde da Itália e da Espanha, contrastá-la com as condições mais favoráveis verificadas no Japão ou na Alemanha e apontar que os dois últimos se saíram melhor.

Quem, porém, insistir em medidas numéricas, como total de casos e letalidade, esbarrará no problema da testagem. Como diferentes países aplicaram diferentes políticas de diagnósticos, que nem sequer foram uniformes numa mesma nação, as comparações ficam seriamente comprometidas.

Não obstante as dificuldades técnicas, um padrão que vai se consolidando é o de que líderes populistas apresentam-se como ameaças à saúde pública —tanto por atrasarem medidas quase consensualmente apontadas pelos especialistas como necessárias quanto por colocarem constantemente em dúvida as decisões já tomadas.

Os casos mais grotescos, sem dúvida, são os do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, à direita, e de seu congênere mexicano, Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, à esquerda.

Outros líderes dessa variedade, como o americano Donald Trump, o britânico Boris Johnson e o turco Recep Tayyip Erdogan, flertaram longamente com a estratégia de isolar apenas a população mais vulnerável, idosos em especial.

Com isso, podem ter perdido tempo precioso de preparação e tornado a curva exponencial muito mais difícil de controlar agora.

editoriais@grupofolha.com.br

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