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Marco Feliciano

No meio do caminho havia um povo...

Por que tanto escândalo com uma manifestação de rua democrática?

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Não me espanta a histeria da oposição golpista e do establishment em relação às manifestações convocadas pelos brasileiros para o próximo dia 15 de março. Afinal, para eles é uma questão de vida ou morte.

Vencido nas urnas, odiado pelo povo e humilhado pela Lava Jato, o sistema está acuado. Deveras, em 500 anos de “terra brasilis”, é a primeira vez que o mecanismo perde o controle. Insuflado pela extrema-imprensa que agoniza sem verbas federais e pela quebra do monopólio da informação sacramentado pelas redes sociais, apadrinhado pela “elite-artística-esquerda-caviar” que não suporta a moral média do cidadão brasileiro e apoiado pelos Judas da hora, o status quo reagia pavimentando o golpe do parlamentarismo branco quando foi pego pelo povo com a boca na botija do Orçamento da União, o qual seria usado para emendar a Constituição por mero projeto de lei.
 

O deputado federal Marco Feliciano (sem partido), vice-líder do governo no Congresso - Vinicius Loures - 10.mai.19/Câmara dos Deputados

No descaminho da subversão institucional, cláusulas constitucionais inamovíveis, como a separação e independência dos Poderes, eram tratadas de somenos, e o regime parlamentarista rejeitado duas vezes pela população em plebiscito era urdido nos mais doces sonhos dos usurpadores, os quais até hoje não aceitam o resultado soberano das urnas que elegeram Jair Messias Bolsonaro para a Presidência da República.

Assistindo a tudo, estupefato, o povo ousou reagir nas redes sociais, convocando manifestações pacíficas e ordeiras. E daí veio a gritaria. Em uníssono, as mais altas autoridades da nação e a “elite esclarecida”, vocalizadas pela extrema imprensa, bradaram: golpe! Cabotinos, sentindo-se descobertos, usaram da práxis leninista do “acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”.

E a caravana do desatino institucional passava. Mas certamente não estaria completa sem a participação do decano de uma Suprema Corte que teima em legislar. Ávido por fustigar um governo do qual discorda, o ministro em questão ultrapassou os já largos limites de autocontenção de juízes que teimam em se manifestar fora dos autos para fazer política. Inventou uma nova modalidade de crime de responsabilidade: o crime de WhatsApp!

Nas sendas desse desvario de eterno terceiro turno eleitoral, juristas “se esqueciam” que o mais elementar direito existente em uma democracia é o de protestar, o qual é assegurado em nossa Carta Magna como direito fundamental pétreo no inciso XVI de seu artigo 5º (justamente para substantivar um dos fundamentos da República, insculpido no artigo 1º da Carta Magna: todo o poder emana do povo). Em postura cínica, uma oposição que saqueou o Brasil, arruinou nossa economia e colocou 12 milhões de pais e mães de família no desemprego, se disse escandalizada por causa de uma manifestação de rua.

Enfim, quase tudo e quase todos unidos para que o povo não saia às ruas. Por quê? Porque o establishment brasileiro, montado em cima de um arranjo institucional que torna o Parlamento quase imune ao controle popular, não sabe lidar com a pressão das ruas. Tanto que o golpe do Parlamentarismo branco foi rapidamente debelado com a simples convocação para as manifestações, produzindo a manutenção do veto 52 do presidente da República à Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Mas, então, para que ainda servem as manifestações convocadas para o dia 15? Para muita coisa! Temos as reformas tributária, administrativa e federativa, que devem ser aprovadas ainda neste ano. Ou o caro leitor nunca se perguntou o porquê de apenas no governo Bolsonaro uma reforma da Previdência ampla (por todos antes tentada e jamais conseguida) ter sido efetivada? Simples. Porque apenas Bolsonaro conseguiu levar o povo à rua para defender medidas amargas, mas necessárias!

Dito tudo isso, fica claro o motivo de apenas a permanente mobilização popular ser a garantia de que o novo Brasil eleito nas urnas em 28 de outubro de 2018 se realize.

Termino aqui fazendo um trocadilho com um poema do imortal Carlos Drummond de Andrade que serve de lição aos poderosos deste país. Tentaram subverter a ordem. Tentaram fraudar o sistema. Mas havia um povo no meio do caminho. No meio do caminho havia um povo. Alerta! Dia 15, todos na rua pelo novo Brasil!

Marco Feliciano

Deputado federal (Republicanos-SP), vice-líder do governo no Congresso, presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano e pastor evangélico

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