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Apoio declinante

Causa preocupação a queda do endosso a isolamento social, conforme o Datafolha

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Carreata em São Paulo a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra as quarentenas - Bruno Santos/Folhapress

Detectada pelo Datafolha há duas semanas, a queda do apoio da população às políticas de isolamento social se mostrou, infelizmente, uma tendência agora confirmada.

No início de abril, 60% dos brasileiros concordavam que, para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, a permanência em casa era recomendável inclusive para pessoas não pertencentes a grupos de risco como idosos e doentes crônicos. No dia 17, o percentual havia caído a 56%. Desta vez, são 52%.

Trata-se de parcela similar, no limite da margem de erro de três pontos percentuais, à dos que defendem isolamento apenas dos mais vulneráveis ao novo coronavírus —enquanto os demais, segundo esse entendimento, deveriam retomar suas atividades.

O dado preocupa porque, conforme o quase consenso dos especialistas, ainda não chegou o momento de relaxar as quarentenas recomendadas pelas autoridades sanitárias para evitar uma sobrecarga dos sistemas hospitalares.

No estado de São Paulo, onde a disseminação da doença se encontra em estágio mais avançado, o governador João Doria (PSDB) fixou a data de 11 de maio para o início da reabertura gradual de comércios e outros setores. Tudo está condicionado, entretanto, ao comportamento dos paulistas até lá.

Dito de outro modo, é preciso que as medidas de precaução contem com adesão suficiente para reduzir o ritmo do contágio e preservar a capacidade da rede hospitalar.

Menos ruim que 53% dos entrevistados declarem que só têm saído de casa quando inevitável, enquanto outros 16% se dizem em isolamento absoluto —percentuais que se mantiveram sem grandes oscilações ao longo do mês.

Ainda é amplamente majoritário, embora tenha caído no período de 76% para 67%, o contingente que considera mais importante neste momento conter o avanço da epidemia, mesmo ao custo do aumento do desemprego.

Difícil, de fato, imaginar escolha mais dolorosa —o que torna particularmente cruel e irresponsável a campanha liderada pelo presidente Jair Bolsonaro pela volta imediata das atividades econômicas, em nome de evitar a recessão.

A experiência internacional mostra que a hesitação ou a recusa à quarentena pode levar a resultados trágicos, enquanto a reabertura cautelosa se afigura mais promissora. Essa compreensão parece embasar o comportamento correto da maioria dos brasileiros.

editoriais@grupofolha.com.br

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