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Hora de doar

Combate à pandemia inspira avanço promissor de contribuições privadas no Brasil

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Grupo "Dois cafés e um pingado" faz sua última distribuição de café da manhã a moradores de rua até o fim da epidemia - Tércio Teixeira - 20.mar.20/Folhapress

Balanço consolidado pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos —organização sem fins lucrativos voltada para a obtenção de contribuições filantrópicas— aponta que as doações da sociedade civil para auxiliar o combate ao novo coronavírus bateram a marca de R$ 1 bilhão em 8 de abril.

A cifra é expressiva para a realidade brasileira. Um dado das Nações Unidas apontou um total de R$ 2,9 bilhões doados em todo o ano de 2016 —quando o país, é verdade, estava mergulhado na recessão.

Tema prioritário entre as preocupações nacionais, como mostram pesquisas Datafolha, a saúde tem inspirado gestos de solidariedade material, reforçando tendência que tem muito a avançar no Brasil.

Outra boa notícia é que o Itaú Unibanco organiza a criação de um fundo para o combate à Covid-19. O próprio banco, que lucrou R$ 28 bilhões em 2019, deve doar R$ 1 bilhão para viabilizar a iniciativa.

A aplicação dos recursos do fundo será gerida por um conselho de profissionais de saúde, que contará com a participação de diretores de hospitais públicos e privados.

A tradição da filantropia, embora tenha raízes na sociedade brasileira, ainda não se compara entre nós ao que se observa em países como os EUA —onde famílias abastadas e celebridades disputam o reconhecimento de comunidades com a doação de recursos, o amparo a instituições e o fomento às artes e à cultura.

A diferença não está nas dimensões do Produto Interno Bruto, pois grandes fortunas também existem por aqui. Entre os americanos há uma feliz associação entra uma cultura de comprometimento social do setor privado com leis que estimulam tais ações.

No Brasil, um dos países mais desiguais do planeta, tem-se caminhado nos últimos anos para consolidar um arcabouço institucional favorável à filantropia, embora haja longo caminho para evoluir.

Diante da urgência imposta pela disseminação do novo coronavírus e das evidentes dificuldades e assimetrias do sistema de saúde e da realidade socioeconômica nacional, a mobilização de parcelas expressivas de sua elite é bem-vinda e merece reconhecimento.

Num país que cunhou a expressão “pilantropia” para designar ações de aproveitadores que se valem da lei com o intuito de burlar suas finalidades beneméritas, trata-se de iniciativas auspiciosas.

editoriais@grupofolha.com.br

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