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Sinal de alerta

Queda no apoio à quarentena contra pandemia deve ser discutida com informação

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Aglomeração em Cubatão (SP), onde a adesão ao isolamento é a menor do estado - Bruno Santos/Folhapress

A travessia do deserto da pandemia da Covid-19 não será simples, nem curta, ao menos enquanto não houver vacina ou remédio de fácil aplicação contra o patógeno que assola o planeta.

Isolamento social, seja ele em formas mais brandas ou nos draconianos “lockdowns”, impera no mundo hoje como maneira de mitigar os efeitos da disseminação do vírus sobre os sistemas de saúde.

Passado pouco mais de um mês desde que a doença se incorporou ao cotidiano de grandes cidades, como São Paulo, notam-se sinais de afrouxamento na até aqui exemplar disposição majoritária de colaborar pelo bem comum.

As imagens de ruas com mais movimento parecem agora refletidas em números. Pesquisa do Datafolha mostra que 68% dos brasileiros acham que é mais importante ficar em casa durante a crise, ainda que isso cause danos à economia e aumente o desemprego.

O percentual é elevado, decerto, mas na sondagem de duas semanas atrás eram 76%. Trata-se de queda acima da margem de erro que merece a atenção das autoridades.

A mesma pesquisa também mostra apoio minoritário, porém resiliente, ao presidente Jair Bolsonaro, principal propugnador no país de teses de abrandamento de quarentenas para minorar danos econômicos durante a emergência sanitária que vivemos.

Segundo o instituto, oscilou positivamente, no mesmo período aferido, a aprovação ao modo com que o presidente gerencia a crise: de 33% para 36%, em empate com os 38% de reprovação.

Ainda é um desempenho abaixo do registrado pelos governadores, que estão majoritariamente do lado das quarentenas e merecem o respaldo de 54% dos entrevistados.

A permanência de uma não desprezível parcela do eleitorado fiel a Bolsonaro —a despeito da demissão de um ministro da Saúde popular— sugere que a conduta do presidente —tosca, errática e populista— será mantida.

Ninguém quer ficar confinado, isso é uma obviedade, assim como os danos potenciais à economia também o são. Para os últimos há um arsenal de medidas paliativas em discussão e execução.

Pode-se especular que o agravamento da situação nos hospitais, como mostra a lotação máxima de UTIs públicas de referência em São Paulo, talvez arrefeça o ímpeto desses brasileiros de ir à rua.

Mas, como se vê pelo Datafolha, o tempo é um adversário poderoso a alimentar discursos políticos oportunistas e desinformados.

Cabe aos responsáveis, a começar pelo novo titular da Saúde, Nelson Teich, deixar picuinhas políticas de lado e investir na melhor profilaxia disponível agora: a informação correta e transparente.

editoriais@grupofolha.com.br

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