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Tragédia equatoriana

Colapso do sistema funerário em Guayaquil mostra potencial destruidor do vírus

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Pessoas esperam ao lado de caixões em frente a hospital em Guayaquil, no Equador - Vicente Gaibor del Pino/Reuters

Embora a propagação do novo coronavírus ainda não tenha atingido, na América Latina, os níveis trágicos observados na Europa e nos Estados Unidos, a região começa a emitir sinais preocupantes.

Quase todos os países do continente já registram a presença do Sars-CoV-2, com um número de casos confirmados que ultrapassa 30 mil, além de cerca de 1.000 mortes.

Se o Brasil, de longe o mais populoso, ocupa previsivelmente o primeiro lugar nesse ranking, é no Equador que a situação se apresenta de maneira mais trágica.

O país andino possui hoje a terceira maior quantidade de contaminações da região, muito próximo do Chile, que ocupa o segundo lugar. Mas, enquanto este anota pouco mais de 20 óbitos, no Equador são cerca de 150 —pouco menos da metade do número brasileiro, embora sua população represente apenas 8% da nossa.

Lá, o quadro mais calamitoso encontra-se na cidade de Guayaquil, a segunda maior do país, cujos hospitais e necrotérios estão abarrotados, e que, nesta semana, viu colapsar o sistema funerário local.

Famílias têm convivido durante dias com cadáveres de parentes que morreram em razão da Covid-19 ou de outras causas. Muitas delas, nos casos ligados ao novo coronavírus, têm abandonado os corpos em parques ou nas ruas, produzindo cenas chocantes.

O governo precisou organizar uma força-tarefa emergencial para atender a todos os óbitos, e estima que as mortes na província de Guayas, onde fica Guayaquil, venham a ultrapassar as 2.000.

A cidade portuária, onde registrou-se o primeiro caso confirmado da doença no país, concentra atualmente cerca de 70% deles. Especialistas apontam a conexão da região com a Espanha como um dos principais fatores por trás do surto.

Os equatorianos constituem hoje a principal comunidade de migrantes latino-americanos vivendo naquele país europeu —e a maior fatia procede de Guayas. Muitos retornaram à região no começo do ano trazendo consigo o vírus.

Soma-se isso características locais, como a alta taxa de pobreza, o clima quente e a grande quantidade de trabalhadores informais, que levaram parcelas da população a desrespeitar as recomendações de quarentena feitas pelo governo.

A situação em Guayaquil é um exemplo claro, dentro da realidade latino-americana, da potência destruidora do Sars-CoV-2. Que sirva de alerta a todo o continente.

editoriais@grupofolha.com.br

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