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Datafolha capta apoio a medidas duras mas também desgaste do distanciamento

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Comércio fechado em São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

Ao prorrogar nesta quarta (27) a quarentena, mas com indicação de reabertura parcial de atividades comerciais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), equilibra-se entre diferentes expectativas, preocupações e interesses da sociedade em relação ao combate à pandemia de Covid-19 e seus custos econômicos e sociais.

Tais contradições são captadas na mais recente pesquisa nacional do Datafolha: a maior parte dos brasileiros diz apoiar um possível confinamento radical, mas cresce a parcela dos que saem mais de casa.

Conforme o levantamento, os que defendem o chamado “lockdown” para conter a transmissão do Sars-CoV-2 chegam a 60% dos entrevistados. Ao mesmo tempo, subiu de 24%, no início de abril, para 35% a fatia dos que relatam deixar o isolamento, tomando precauções, para trabalhar ou outros fins.

No mesmo período, também cresceu de 37% para 52% o contingente para o qual pessoas fora dos grupos de risco deveriam trabalhar.

A aparente ambiguidade não chega a surpreender. Políticas rígidas de distanciamento social só se sustentam por tempo limitado. Pode-se estender o prazo e impor sanções, mas haverá obstáculos tanto materiais como psicológicos.

A queda da renda atinge a maioria —e é dramática para os mais pobres, nem todos contemplados pelo auxílio emergencial do governo. As razões pessoais não são menos importantes. Privar-se de afeto, companhia ou simples convivência causa sofrimento.

Autoridades que precisarem impor alguma forma de “lockdown”, a fim de evitar o colapso da rede hospitalar, podem contar com o apoio da maior parte da população. Mas, como indica a pesquisa Datafolha, devem tomar o cuidado de fazê-lo no tempo certo, visando obter a melhor combinação possível de eficácia e adesão.

Também devem estudar regras que assegurem a maior contenção viral possível com o menor sofrimento. Faz sentido, por exemplo, impedir pessoas de sair para caminhar ou se exercitarem sozinhas? Parques e praias precisam mesmo ser fechados ou bastam outras medidas contra aglomerações?

Espera-se, ainda, que a flexibilização da quarentena paulista esteja amparada em bons modelos epidemiológicos, a prevalecer sobre as pressões empresariais.

editoriais@grupofolha.com.br

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