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Esperança de vacina

Nunca houve tanto incentivo para um imunizante; Brasil erra ao atacar China

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Cientista trabalha em laboratório do Instituto Butantan, em São Paulo
Cientista trabalha em laboratório do Instituto Butantan, em São Paulo - Divulgação

O melhor cenário para o mundo superar a crise sanitário-econômica da Covid-19 consiste no rápido desenvolvimento de uma vacina. Duas perguntas se impõem: É possível? Em quanto tempo?

Possível é. A ciência já produziu dezenas de imunizantes contra vários tipos de patógenos. Nunca se desenvolveu um contra coronavírus que afeta humanos, mas há uma meia dúzia com ampla utilização na veterinária.

A questão do prazo parece mais desafiadora. Especialistas falam em obter um produto funcional em 12 a 18 meses. Trata-se de meta muito ambiciosa. Diversas vacinas humanas levaram mais de uma década de trabalho. A mais rápida, contra caxumba, exigiu quatro anos.

É fato que todos os incentivos para um novo recorde estão colocados. Não faltam financiamento nem projetos de pesquisa. Há mais de cem grupos de cientistas dedicados à tarefa, e oito deles já estão em alguma etapa avançada.

Também é digno de nota que a corrida pelo fármaco ganha ares de disputa política, opondo americanos, que atuam principalmente por meio da empresa Moderna, a chineses, que afirmam ter pelo menos cinco candidatos promissores.

A politização da disputa não se mostra necessariamente um mal. Há quem diga que o homem só chegou à Lua porque os programas espaciais de americanos e soviéticos foram conduzidos sob a Guerra Fria. A rivalidade entre países motiva certa cautela, contudo.

Embora cientistas mintam menos do que presidentes, é quase uma fatalidade, nesse contexto, que exagerem seus avanços.

Na hipótese de que cheguem a uma ou mais vacinas, restará o desafio logístico de produzi-las na escala necessária para atender a todo o planeta. O Brasil, que tem alguma capacidade de produção, deveria estar se mobilizando para não ficar para trás nessa corrida.

Insultar os chineses, como fazem membros do governo, pode revelar-se uma péssima política.

editoriais@grupofolha.com.br

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