Com quase todos os leitos estaduais de UTIs para o tratamento de casos de Covid-19 ocupados em São Luís, o Maranhão se tornou, nesta terça (5), o primeiro estado brasileiro a implementar o chamado “lockdown” —ou confinamento.
A medida drástica, um grau acima daquelas de distanciamento social que têm sido adotadas no país, valerá para a capital, além de outros três municípios da região metropolitana, e compõe o rol das ações preconizadas pelas autoridades sanitárias quando há risco de colapso do sistema hospitalar.
O fato de ter sido determinada por um tribunal levantou compreensíveis dúvidas sobre a competência do Judiciário para decidir tal questão —embora o bloqueio tenha sido de pronto acatado pelo governador Flávio Dino (PC do B).
Pelos próximos dez dias, estará proibida a movimentação de veículos particulares, salvo para compra de alimentos, transporte de doentes ou serviços de segurança. A circulação de pessoas ficará limitada, e aglomerações estão proibidas. Apenas atividades consideradas essenciais permanecerão funcionando —e sob controle.
Por mais transtornos que gere à população e à economia, o endurecimento das restrições sociais se afigura necessário diante do aumento galopante de mortes no Maranhão, assim como se deu na China e em diversos países europeus.
Estudo elaborado pela Fiocruz mostrou que o estado é o que apresenta hoje o maior ritmo de crescimento de mortes em decorrência da Covid-19. Lá, a quantidade de óbitos vem dobrando em média a cada cinco dias. Em situação também gravíssima se encontram Pará, Ceará e Pernambuco.
Com taxa de ocupação de suas UTIs acima de 90%, essas unidades da Federação se veem diante do risco de não terem, em breve, leitos disponíveis para tratar os casos mais graves. Não à toa, medidas restritivas foram endurecidas em capitais e municípios paraenses e, em menor grau, cearenses.
Tais medidas deveriam vir acompanhadas de um esforço de testagem em grande escala da população local, para monitorar os efeitos do confinamento e calibrar a velocidade de seu relaxamento —terreno em que todo o Brasil, lamentavelmente, ainda patina.
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