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Esperança europeia

Fundo para recuperação após pandemia pode fortalecer integração do continente

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Fábrica de automóveis retoma atividades na Alemanha - Reuters

Desde seu advento, em 2001, a zona do euro —área monetária que reúne 19 dos 27 integrantes da União Europeia— foi percebida como uma construção incompleta. Para muitos, a moeda única seria inviável a longo prazo, pois não contava com um mecanismo orçamentário comum para lastreá-la.

Ao longo de sua existência, o euro passou por testes nos mercados durante crises. Entre 2011 e 2014, as dificuldades financeiras da periferia forçaram os políticos e autoridades econômicas a reagir.

Foi criado então um fundo europeu de proteção para conceder empréstimos a países em dificuldades. A intervenção do Banco Central Europeu para comprar papéis dos governos mais endividados —principalmente Grécia, Portugal, Espanha e Itália— também se mostrou fundamental para evitar uma ruptura.

Tais iniciativas, porém, nunca foram unânimes. Nos países credores, como Alemanha e Holanda, qualquer medida que resultasse em transferências do contribuinte para outros membros sempre foi vista com desconfiança.

Além disso, havia permissão apenas para empréstimos, nunca transferências diretas. Não por acaso, até hoje os mercados cobram taxas diferentes para financiar os membros, uma fonte persistente de instabilidade financeira.

A crise da Covid-19 oferece agora uma oportunidade para um aperfeiçoamento do edifício. O imperativo da solidariedade trazido pela pandemia finalmente parece mover os políticos a um passo decisivo.

Sob a liderança da Alemanha e da França, reforçada pela Comissão Europeia, foi proposto um fundo comum que pode chegar a € 750 bilhões (ou 3% do Produto Interno Bruto da União Europeia) para a recuperação do continente.

O valor não chega a ser gigantesco para a riqueza da região. Importa mais seu significado. O que se busca agora, além de empréstimos, são transferências diretas aos membros, com divisão conforme a gravidade do impacto do vírus.

Os europeus também querem reforçar suas redes de proteção social e acelerar a transição para uma economia mais sustentável. A Alemanha ainda anunciou mais € 130 bilhões para investimentos internos —uma expansão fiscal no país mais austero da região também era cobrança antiga.

Embora o fundo ainda precise ser aprovado pelos membros, o que pode ocorrer já neste mês, o passo político parece inequívoco.

editoriais@grupofolha.com.br

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